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59% dos brasileiros possuem sobrepeso ou obesidade, diz Datafolha

Foto: Reprodução/Internet
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Pesquisa revela contraste entre percepção de saúde e realidade sobre doenças crônicas no Brasil

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, em parceria com a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, revelou que 59% da população brasileira possui sobrepeso ou obesidade, de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) dos entrevistados. O estudo, intitulado “Meu Peso, Minha Jornada”, entrevistou 2.012 brasileiros com idade média de 43 anos e tem como objetivo explorar as percepções sobre o sobrepeso e a obesidade, uma condição reconhecida como doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Percepção versus realidade

O estudo revela um significativo contraste entre a percepção de saúde dos brasileiros e a realidade das doenças crônicas. Apesar de 64% dos entrevistados se considerarem com saúde “boa” ou “muito boa”, apenas 51% afirmam não ter condições de saúde como pressão alta, colesterol alto, problemas articulares e sobrepeso ou obesidade. Isso representa uma discrepância de 12 pontos percentuais.

No grupo com obesidade e sobrepeso, essa discrepância é ainda maior. Enquanto 61% dos participantes acreditam ter boa saúde, apenas 42% afirmam não ter problemas de saúde, resultando em uma diferença de 19 pontos percentuais. Thais Emy Ushikusa, médica e gerente de obesidade da Novo Nordisk no Brasil, observa que cerca de 74% das mortes no país estão relacionadas a doenças associadas à obesidade. Ela enfatiza a importância da pesquisa para entender a magnitude do problema e desenvolver soluções adequadas.

Implicações da obesidade

A obesidade está associada a mais de 200 condições de saúde, incluindo diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, como hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. O professor Bruno Geloneze, da Universidade de Campinas (UNICAMP) e membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), destaca que o contraste entre a autopercepção e o estado real de saúde reflete a necessidade de consultas regulares e avaliações precisas.

“Essa lacuna precisa ser preenchida com avaliações adequadas, pois muitas pessoas consideram que têm boa saúde enquanto enfrentam condições sérias como pressão alta”, alerta Geloneze.

Desafios no diagnóstico e tratamento

O estudo também aponta que a maioria das pessoas com sobrepeso (67%) e obesidade (82%) deseja emagrecer. No entanto, a adesão ao tratamento pode ser prejudicada por fatores como estigmatização e a falta de diagnóstico formal. Apenas 11% dos entrevistados receberam um diagnóstico formal de sobrepeso ou obesidade.

Geloneze aponta que a falta de preparo dos médicos para discutir o peso com os pacientes pode contribuir para essa lacuna no diagnóstico. Além disso, ele observa que, para um diagnóstico preciso de obesidade, é essencial medir altura e peso, algo que nem todos os consultórios médicos realizam. “Embora o IMC tenha suas falhas, ele é o primeiro passo na avaliação”, afirma.

Estigmatização e conscientização

A estigmatização da obesidade também desempenha um papel crucial. Geloneze enfatiza que a obesidade não deve ser vista como uma questão de falta de caráter ou disciplina, mas como uma doença complexa e multifatorial. A baixa taxa de diagnóstico pode ser atribuída a preconceitos e vergonha, que impedem muitos de buscar o tratamento adequado.

Os resultados da pesquisa destacam a necessidade urgente de maior conscientização sobre a obesidade. Geloneze ressalta a importância de orientar a população a buscar avaliações especializadas em metabolismo e obesidade para prevenir complicações graves, como doenças cardiovasculares e diabetes, e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.