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A Casa do Porco é considerado o 12º melhor restaurante do mundo na lista The Worlds 50 Best Restaurants

foto: Divulgação
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Foi anunciada em Valencia, Espanha, nesta terça-feira (20), a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo pelo The Worlds 50 Best Restaurants. Este ano, o restaurante Central, localizado em Lima, no Peru, recebeu o prêmio de melhor do mundo. Em 2022, ele ficou em segundo lugar no ranking e era o favorito deste ano. Isso mostra que a América Latina está ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento como referência gastronômica global.

Antes de tudo, vou explicar como funciona o sistema de votação do 50Best. Um corpo de jurados composto por 1.080 pessoas de 27 regiões do planeta é cuidadosamente selecionado. Essas pessoas são apaixonadas por gastronomia e viajam pelo mundo experimentando diferentes culinárias. Entre os jurados, há chefs e proprietários de restaurantes (37%), jornalistas e críticos (33%) e amantes da comida (33%). Importante ressaltar que todos são anônimos. Metade do grupo é formado por homens e outra metade por mulheres, garantindo diversidade na votação.

A diversidade é um dos pontos interessantes dessa lista. Ao contrário do Guia Michelin, que segue um sistema mais restrito, o The World 50 Best consegue destacar restaurantes que costumavam ficar no anonimato em premiações internacionais. Isso resulta em um reconhecimento mais equilibrado entre as diferentes regiões do mundo.

Por que o restaurante peruano era o favorito? Porque o ranking é baseado em tendências. Como mencionei anteriormente, além da excelência culinária, questões globais relevantes são levadas em consideração na avaliação. Restaurantes como o Central e A Casa do Porco, que valorizam suas raízes e fazendas com a preservação de ingredientes nativos em colaboração com a comunidade, recebem uma preservação ainda maior.

Tive a oportunidade de visitar a Central em julho do ano passado e testemunhar o incrível trabalho do chef Virgílio Martínez, sua irmã Malena e sua esposa Pía León, do premiado restaurante Kjolle, na preservação da biodiversidade peruana. Todo o estudo e o belo trabalho realizado com a comunidade colocaram o Central na posição em que se encontra hoje, como um modelo único que, na minha opinião, deveria ser replicado em todo o mundo.

Outro modelo interessante é o adotado por A Casa do Porco. Tive o prazer de visitar o restaurante no início de abril e você pode ler mais sobre a experiência aqui. O restaurante também obteve uma excelente colocação no ranking 50Best 2023, ficando em 12º lugar e sendo o melhor restaurante brasileiro da lista.

É motivo de orgulho ter um restaurante do centro de São Paulo entre os melhores do mundo. O trabalho realizado por Janaína Torres e Jefferson Rueda no Brasil é oficial excepcional.

Os restaurantes da América Latina que estão entre os 50 melhores do mundo nesta premiação são:

1º Central/Peru 6º Maido/Peru 12º A Casa do Porco/Brasil 19º Dom Julio/Argentina 28º Kjolle/Peru 29º Borago/Chile 33º El Chato/Colômbia 43º Leo/Colômbia Bogotá 47º Mayta/Peru

Desta vez, o Brasil teve apenas três restaurantes premiados no mundo: A Casa do Porco em 12º lugar, Lasai em 58º e Oteque em 76º.

Em 28 de novembro, será a vez da festa de premiação da edição latino-americana, que terá o Brasil como sede pela primeira vez, depois de passar pelo Peru, Argentina, Colômbia e México. O evento no Hotel Copacabana Palace revelará não apenas os restaurantes vencedores, mas destaques também em outras categorias, como Latin America’s Best Female Chef Award, American Express One To Watch Award, Icon Award 2023, Estrella Damm Chefs’ Choice Award, Gin Mare Art of Prêmio de Hospitalidade, Melhor Chef de Pastelaria da América Latina (patrocinado pela República del Cacao) e Prêmio Beronia de Melhor Sommelier da América Latina.

A culinária peruana é conhecida por sua diversidade e riqueza de sabores, resultado da mistura de influências indígenas, espanholas, africanas e asiáticas. É considerada uma das mais ricas do mundo e tem conquistado seu lugar na gastronomia global. O restaurante Central, comandado pelo chef Virgílio Martínez, é um exemplo disso. O restaurante é conhecido por sua abordagem de “cozinha de altitude”, que utiliza ingredientes de diferentes altitudes encontradas no Peru, desde o litoral até as regiões montanhosas e a Amazônia.

Ser cozinheiro está intimamente ligado à ancestralidade, à compreensão dos alimentos e à responsabilidade de tratá-los com cuidado para alimentar o mundo”, acredita o chef, que é destaque em um dos principais episódios da série Chef’s Table, da Netflix.

A visita ao restaurante é uma viagem por diversos microbiomas. Logo na entrada, antes de chegarmos à mesa, apresentamos informações sobre o restaurante, como solos, altitudes e ingredientes. E o interessante é descobrir que, por meio de muito estudo e técnica, alimentos que provavelmente não seriam comestíveis se transformam em pratos espetaculares.

O serviço é oferecido em formato de menu apreciado, onde além do apelo visual, você pode mergulhar nos estudos e técnicas aplicadas a cada alimento. É possível optar por uma harmonização com bebidas alcoólicas ou não. Nós experimentamos o menu completo de 14 etapas harmonizadas. Além dos vinhos regionais, a harmonização inclui drinks e bebidas fermentadas. A conta para duas pessoas foi de 2.098,00 soles peruanos (cerca de R$ 2.700), mais gorjeta.

O restaurante já recebeu vários prêmios. Só por esse motivo, já vale a visita ao Peru. E se você precisar de mais motivos, encerro dizendo que a experiência gastronômica no Central é única, os pratos são criativos e apresentados de maneira deslumbrante, proporcionando uma jornada pela diversidade de sabores da culinária peruana.

Foto: A Casa do Porco. (Leandro Fonseca/Exame)