Um projeto de lei foi apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) com o intuito de consagrar o acarajé como patrimônio cultural do estado. Essa iniciativa surge como resposta à lei semelhante sancionada no Rio de Janeiro pelo governador Cláudio Castro (PL).
O deputado estadual Antônio Henrique Júnior (PP) é o autor da proposta. Para ele, o acarajé representa um prato emblemático da culinária baiana, mesmo tendo raízes africanas. A iguaria está profundamente inserida na cultura local, sendo mais do que um simples símbolo identitário, sendo, na verdade, um elemento constituinte da vida social.
“O acarajé está presente em diversos contextos de sociabilidade, sendo uma comida típica, um quitute baiano, um bolinho de santo, uma comida de origem africana e um meio de sobrevivência. Seu consumo está diretamente relacionado ao cotidiano do baiano, que o aprecia após o trabalho, durante o trajeto de volta para casa, ao entardecer, nas praias, festas e largos. Além disso, representa um ponto de encontro para redes, relações e grupos”, afirmou Henrique Júnior.
Essa iniciativa surgiu após o governador do Rio de Janeiro sancionar a lei 10.157/23, que confere ao acarajé o status de patrimônio cultural do estado. Antônio Henrique Júnior enfatiza que o ofício das Baianas de Acarajé é uma herança cultural que desempenha um papel significativo na formação da identidade do povo brasileiro e em suas práticas.
“A venda do acarajé é uma tradição ancestral, transmitida de geração em geração, que sustenta muitas famílias. A preservação desse saber é um processo que deve envolver toda a sociedade, incluindo esta Casa Legislativa, reconhecendo a importância deste alimento para a cultura do nosso estado”, concluiu o deputado.
Vale ressaltar que o ofício já integra o Livro dos Saberes como Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2005. No entanto, uma proposta que visava conferir ao bolinho o título de Patrimônio Imaterial de Salvador foi vetada em 2020 pelo então prefeito da cidade, Antônio Carlos Magalhães Neto .
O acarajé é composto por um bolinho feito à base de feijão fradinho, frito em azeite de dendê e servido com vatapá, caruru, camarão, salada de tomate e pimenta. É preparado e vendido nos tabuleiros pelas baianas de acarajé conhecidas.
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