Do Morros de Ouro Preto às ruas de Salvador, passando pelo Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, ou pela Rota da Liberdade, em São Paulo, e chegando à Serra da Barriga, em Alagoas. Esses são alguns dos lugares que abrem as portas para o passado escravista do Brasil e ainda nos contam um pouco sobre as origens da população negra do país.
Mais de 130 anos depois da abolição da escravatura, assinada em 13 de maio de 1888, o afroturismo, modalidade de turismo que valoriza o patrimônio material e imaterial da população negra brasileira, ganha espaço. Inclusive, em janeiro deste ano, o Ministério da Igualdade Racial e a Embratur iniciaram uma parceria para incentivá-la.
O especialista em turismo e vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos dos Negros do Rio de Janeiro, Bruno Franco, diz que o termo “afroturismo” ainda é novo, mas essa é uma estratégia que já vem sendo desenvolvida há algum tempo .
Uma das maiores referências desse tipo de turismo no Brasil é o Parque Memorial do Quilombo dos Palmares, que ocupa o espaço que foi palco da maior resistência à escravidão do país, liderada pelo herói Zumbi. Balbino Praxedes, representante regional de Alagoas para a Fundação Cultural Palmares, destaca que, em 2022, o parque recebeu mais de 35 mil visitantes – um aumento de 51% em relação ao ano anterior.
No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo, principal ponto de desembarque e comércio de negros escravizados nas Américas, é tão importante que foi eleito Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Mercedes Guimarães, diretora do Instituto Pretos Novos, criado para preservar o patrimônio material e imaterial da região conhecida como Pequena África, no centro do Rio, explica o que o visitante pode aprender ao visitar o Cais.
Bruno Franco também destaca que outro ponto relevante para o afroturismo no Rio de Janeiro é o Vale do Café. No entanto, este é um local que requer uma visita crítica.
Em Ouro Preto, um dos destaques do afroturismo é a visita à Mina Chico Rei, africano escravizado que foi rei no Congo antes de ser trazido para o Brasil para trabalhar nas minas e que conseguiu comprar a própria liberdade e de outras pessoas escravizadas.
Em Salvador, a cidade mais negra do Brasil, não faltam museus e monumentos que homenageiam a cultura negra, além de sua forte influência na religiosidade e na culinária.
Fonte: Tâni Rego/ Agência Brasil