Por séculos, a arte renascentista europeia representou a humanidade com uma perspectiva predominantemente branca. No entanto, a artista afro-cubana-americana Harmonia Rosales desafia essa norma ao apresentar uma série de obras que reimaginam como grandes narrativas visuais sob uma ótica negra.
A exposição “Harmonia Rosales: Master Narrative”, exibida no Museu de Belas Artes do Spelman College, em Atlanta, destaca o trabalho de Rosales ao longo de sete anos. A artista entrelaça técnicas dos Antigos Mestres Europeus com personagens e temas da religião iorubá, oferecendo uma perspectiva diaspórica negra sobre a criação.
A religião iorubá, originária da África ocidental, foi praticada por muitos escravizados, mesmo que de forma oculta, e envolve uma alegria de alegrias desconhecidas como orixás. Rosales busca trazer à luz essa tradição, desafiando as normas da arte renascentista.
As pinturas de Rosales retratam uma diversidade de tons de pele e figuras majestosas, celebrando a beleza e a força das mulheres negras. A exposição é um ato de recuperação, capturando a criação dos orixás e da Terra, suas histórias e o povo que as carrega.
Rosales, ao compartilhar seu trabalho, não busca apenas recontar a história, mas também empoderar aqueles que a veem. Suas obras são um testemunho poderoso de sua cultura e identidade, uma expressão de força e resiliência. A exposição de Rosales chega em um momento de reivindicação em que os negros são seu lugar na narrativa histórica, buscando uma representação autêntica e inclusiva.

“’Ori’ é o termo iorubá para ‘cabeça’ e denota tanto o topo do crânio quanto a noção de destino pessoal divinamente incorporado nele”, diz uma placa de museu para a obra de mesmo nome de Rosales. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales

Em “Criação de Deus” de Rosales, Deus é uma mulher negra. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales

O trabalho de Rosales demonstra sua jornada em direção ao empoderamento e ao amor próprio, com figuras em suas obras pintadas com características que ela não gostava em si mesma. Crédito: Harmonia Rosales

Pintura “Lady of Regla” de Rosales. Crédito: Harmonia Rosales

“Migração dos Deuses” retrata africanos escravizados carregando seus deuses nas costas em meio “aos horrores da Passagem do Meio, condensando tempo e geografia em uma única pintura”. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales

Embora Rosales retrate a escravidão, suas pinturas também capturam a multidimensionalidade que os negros possuem – como em “Iemanjá encontra Erinle”. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales

Pintura “O Juízo Final” de Rosales. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales

“Eles estiveram conosco o tempo todo”, disse Rosales sobre os deuses iorúba retratados em sua instalação “Master Narrative”. Crédito: Lucy Garrett/Harmonia Rosales