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Brasil apresenta primeiro portfólio de produtos neutros em carbono para a indústria têxtil

Foto: Divulgação
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De forma pioneira, é lançado no Brasil o primeiro portfólio de produtos químicos e têxteis neutros em carbono. A iniciativa inovadora é trazida pela Rhodia, empresa do Grupo Solvay, como parte de sua estratégia de neutralização das emissões de suas operações e produtos.

Os produtos inaugurais desse portfólio incluem fibras têxteis e ácido adípico, um material usado em produtos de poliuretano, como solados de calçados. O principal objetivo dessa empreitada é acelerar a descarbonização da cadeia de suprimentos da empresa, alinhando-se às metas estabelecidas pelo programa Solvay One Planet de desenvolvimento sustentável para combater a premente crise climática global.

Daniela Manique, CEO do Grupo Solvay na América Latina, enfatizou que esse portfólio, inicialmente composto por dois produtos, representa um passo significativo rumo à neutralidade carbônica nas operações da empresa. Manique, o grande impulsionador do desenvolvimento desse portfólio brasileiro de produtos carbono neutro, compartilhou que a empresa pretende ampliar o leque de ofertas nos próximos meses.

Apesar de não estar em contato direto com o consumidor final, o CEO enfatizou que a empresa viu uma oportunidade de avançar no projeto e avançar significativamente na oferta de produtos carbono neutros aos clientes.

“Nossa operação em Paulínia, onde são produzidas 1,5 mil toneladas de produtos químicos anualmente, já reduziu em 95% suas emissões de CO2. Estamos caminhando rapidamente para 100% e temos planos para atingir a neutralidade total”, afirmou Manique.

Segundo Manique, a empresa decidiu priorizar duas linhas de produtos mais próximas do consumidor, oferecendo a ele produtos com resultado 100% neutro em carbono.

“Atingir 100% de neutralidade abrange todo o ciclo de vida do produto, desde sua criação até o portão da fábrica – abrangendo os escopos 1, 2 e 3, incluindo fornecedores.”

Do universo de cerca de 10.000 projetos avaliados pela área de sustentabilidade, o grupo selecionou um projeto alinhado às práticas da Rhodia, com foco em reflorestamento, principalmente na Floresta Amazônica no Mato Grosso.

“Já realizamos o reflorestamento da Mata Atlântica em Paulínea – nossa vegetação local – que gera empregos e é certificada por terceiros. Por isso optamos por utilizar esses créditos para atingir 100% de neutralidade.”

Produtos Químicos e Têxteis Neutralizantes

O produto químico inicial integrado a esse portfólio neutro em carbono é o ácido adípico, um intermediário químico básico na produção de poliamidas, poliuretanos à base de éster e plastificantes.

Essa matéria-prima encontra aplicações em sistemas de poliuretano, principalmente na produção de solados de calçados, lubrificantes, plastificantes, adesivos, tintas, resinas, espumas flexíveis e rígidas, aplicações alimentícias e detergentes.

O ácido adípico também reage com hexametilenodiamina (HMD) para formar adipato de hexametilenodiamina, conhecido como sal de nylon. Este sal é matéria-prima para a produção de fibras têxteis e industriais.

Na área têxtil, o primeiro produto a entrar na lista de carbono neutro é a fibra têxtil de poliamida Carbono Neutro. Amplamente utilizada em vários segmentos da indústria do vestuário e da moda, a pegada de carbono desta fibra é certificada por uma entidade externa. Quaisquer emissões remanescentes de CO2 de cada produto são compensadas por meio da compra de créditos de carbono.

“Quando falamos de produtos neutros em carbono, estamos nos referindo a todo o ciclo de vida, desde a criação até a porta da fábrica. Isso significa que todas as emissões, desde a extração da matéria-prima até a porta da fábrica, foram reduzidas por meio de vários projetos, quantificadas e compensadas pela aquisição de créditos de carbono de projetos relevantes de conservação ambiental”, explicou Manique.

Utilização de crédito de carbono

A equipe de sustentabilidade optou pela compra de créditos de carbono de um projeto de reflorestamento no Brasil localizado na Fazenda São Nicolau, no Mato Grosso, de propriedade do Office National des Forêts (ONF Brasil).

Este projeto está situado na região do arco do desmatamento, onde as florestas nativas da Amazônia foram desmatadas para a criação de gado e cultivo de soja.

Manique destacou que este projeto foi escolhido devido a inúmeros fatores alinhados com as políticas de clima e meio ambiente da empresa. Esses fatores incluem descarbonização, preservação e promoção da biodiversidade, educação comunitária e impactos sociais, econômicos e culturais sobre indivíduos e comunidades.

“Além de promover o reflorestamento, este projeto preserva a biodiversidade ao salvaguardar mais de 2.000 espécies de fauna, incluindo 800 espécies de aves, anfíbios, répteis, pequenos e grandes mamíferos e mais de 500 espécies de árvores”, observou o CEO.

Ela destacou ainda o impacto positivo do projeto na geração de empregos locais, na pesquisa científica por meio de experimentos florestais e nos programas de educação ambiental para estudantes da região. Além disso, permite a exploração conjunta da madeira com a mata nativa, perpetuando a captura de CO2.

Os créditos de carbono adquiridos pela Rhodia são gerados por meio das atividades de reflorestamento na fazenda e são “armazenados” em um sumidouro de carbono florestal.

“Por meio do projeto já foram plantados dois milhões e meio de espécies nativas. À medida que essas mudas crescem, elas retiram carbono da atmosfera. Desde sua implantação até 2020, foram absorvidas quase quatrocentas mil toneladas de CO2. número chegará a um milhão de toneladas até 2038.”

Investimentos e Passos Futuros

Atualmente, o grupo está adquirindo créditos de carbono para compensar as emissões remanescentes dos produtos desse portfólio. Simultaneamente, continuam com projetos que visam a redução das emissões de carbono na sua cadeia de abastecimento, afirmou Daniela Manique.

Nas últimas duas décadas, a empresa realizou inúmeras iniciativas nesse sentido. Uma das mais significativas, segundo Manique, foi a implantação de uma unidade de redução de gases de efeito estufa em Paulínia, em 2007, contribuindo para a redução de aproximadamente 95% nas emissões daquele complexo industrial.

“Por exemplo, de 2018 a 2022, reduzimos em mais de 10% as emissões de gases de efeito estufa nas unidades química e têxtil de Paulínia e Santo André, ambas em São Paulo.”

Esta evolução foi também conseguida através de vários outros projetos, entre os quais a utilização de eletricidade gerada a partir da biomassa, a par de outros planos de eficiência energética e a transição do petróleo para o gás natural nas caldeiras de produção.

“O desenvolvimento deste portfólio de produtos carbono neutro visa contribuir para o combate à crise climática, uma preocupação urgente da sociedade. A compra de créditos de carbono gerados por projetos confiáveis ​​e de qualidade para compensar as emissões remanescentes deste portfólio nos proporciona uma oportunidade de dar um contributo relevante para o planeta aqui e agora”, concluiu Manique.

Foto: Reprodução