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Cadernos inéditos revelam Elza Soares como compositora e artista combativa

Foto: Divulgação
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Novas descobertas mostram que a cantora, que morreu em 2022, lutava para se impor como autora e denunciar injustiças

Elza Soares foi uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. Sua voz potente e inconfundível, aliada a uma personalidade cativante e uma trajetória de vida marcada por desafios, a tornaram uma figura icônica na cultura nacional.

Uma série de cadernos inéditos, guardados por seu empresário, Pedro Loureiro, e pela neta, Vanessa Soares, revelam um novo lado da artista: o de compositora e artista combativa.

À primeira vista, os cadernos parecem anotações triviais sobre a vida cotidiana, como listas de compras, reproduções de letras de músicas em inglês, aforismos e citações de personalidades como Martin Luther King. No entanto, uma leitura mais apurada revela uma riqueza poética em textos sobre resiliência, vontade de viver e uma aguçada visão de mundo.

Foi nesses textos que Elza buscou inspiração para compor as músicas de seu último álbum, No Tempo da Intolerância, lançado postumamente neste ano. O trabalho foi o primeiro de sua carreira que privilegiou a Elza letrista: o repertório contém mais de 70% de composições dela mesma.

“Elza era muito poética. Ela escrevia rimando, como dá para ver na música Pra Ver Se Melhora”, lembra Loureiro. “A gente não sabia que ela era tão talentosa como compositora. Ela não tinha tido a oportunidade de mostrar isso antes.”

Além de compor letras, Elza também escrevia sobre suas experiências de vida e o mundo ao seu redor. Em um trecho de um de seus cadernos, ela reflete sobre o racismo: “O racismo é um vírus que mata lentamente. Ele destrói a alma e o corpo.”

Em outro, ela denuncia a desigualdade social: “O Brasil é um país de contrastes. De um lado, a riqueza e o privilégio. Do outro, a pobreza e a fome.”

Elza Soares enfrentou muitos desafios ao longo de sua vida. Na infância, foi abandonada pelo pai e criada pela mãe, que trabalhava como lavadeira. Aos 13 anos, foi estuprada por um homem branco, fato que a marcou profundamente.

Aos 21 anos, se casou com o jogador Garrincha, com quem teve três filhos. O relacionamento foi marcado por violência física e psicológica, e Elza se divorciou de Garrincha em 1977.

Apesar das adversidades, Elza jamais desistiu de seus sonhos. Ela se tornou uma das maiores cantoras do Brasil, e sua voz e sua mensagem de resistência inspiraram milhões de pessoas.

Os cadernos inéditos são um testemunho revelador da luta de Elza Soares por reconhecimento e justiça. Eles mostram uma artista complexa e multifacetada, que marcou a história da música brasileira e da cultura popular.

Trechos dos cadernos inéditos guardados por seu empresário, Pedro Loureiro, e pela neta, Vanessa Soares
Eza e Garrincha: paixão que terminou em agressão e afetou sua carreira

Foto: Antonio Andrade

Fonte: Veja