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Células-tronco prometem transformar a segurança dos transplantes de medula óssea, afirmam cientistas australianos

Foto: Wikimedia Commons/CC
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Avanços na pesquisa das células-tronco podem revolucionar os transplantes de medula óssea, tornando-os mais seguros e eficazes para pacientes vulneráveis.

Pesquisadores do Murdoch Children’s Research Institute (MCRI), localizado na Austrália, descobriram que o segredo para um transplante de medula óssea mais seguro pode estar nas células-tronco do próprio paciente. Essa nova abordagem visa transformar células-tronco personalizadas em células-tronco hematopoiéticas, que têm a capacidade de se desenvolver em qualquer tipo de célula sanguínea, oferecendo uma solução inovadora para as limitações atuais dos transplantes.

A professora associada Elizabeth Ng, do MCRI, explicou a relevância desse estudo: “A capacidade de retirar qualquer célula do paciente, reprogramá-la em uma célula-tronco e, em seguida, transformá-la em células sanguíneas especificamente compatíveis para transplante terá um impacto enorme na vida desses pacientes vulneráveis.” Este avanço é especialmente significativo para indivíduos que sofrem de doenças do sangue e da medula óssea, onde o transplante de medula é muitas vezes a melhor opção de tratamento.

O Desafio dos Transplantes de Medula

O transplante de medula óssea é um procedimento que pode ser a salvação para pacientes com diversas doenças hematológicas. No entanto, o processo não está isento de riscos. A principal complicação ocorre quando as células do doador não são compatíveis com as do paciente, o que pode resultar em ataques aos tecidos do corpo, causando inflamação e, em casos extremos, levando à morte do paciente.

A nova pesquisa do MCRI promete mudar esse cenário. Os cientistas realizaram um procedimento inovador em que células humanas foram retiradas de fontes como cabelo, pele e unhas. Essas células foram então reprogramadas para se tornarem células-tronco “pluripotentes” ou “multipotentes”. As células-tronco pluripotentes, que são normalmente encontradas em embriões e bebês, têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo.

A meta da equipe era transformar essas células pluripotentes em células-tronco hematopoiéticas, capazes de gerar qualquer tipo de célula sanguínea. Elizabeth Ng esclareceu: “Antes deste estudo, o desenvolvimento de células-tronco sanguíneas humanas em laboratório que pudessem ser transplantadas para um modelo animal de falha da medula óssea para produzir células sanguíneas saudáveis não era possível. Desenvolvemos um fluxo de trabalho que criou células-tronco sanguíneas transplantáveis que espelham de perto aquelas do embrião humano.”

Resultados Promissores em Camundongos

Os resultados dessa pesquisa foram publicados na renomada revista científica Nature. Em experimentos, camundongos imunodeficientes receberam injeções das células-tronco sanguíneas humanas projetadas em laboratório. As células transplantadas se transformaram em uma medula óssea funcional, atingindo níveis de eficácia comparáveis aos observados em transplantes realizados com células sanguíneas do cordão umbilical. Isso representa um marco significativo na pesquisa.

Andrew Elefante, um dos pesquisadores do estudo, comentou sobre a relevância desses avanços: “Desenvolver células-tronco sanguíneas personalizadas e específicas para o paciente evitará complicações associadas, abordará a escassez de doadores e, juntamente com a edição do genoma, ajudará a corrigir as causas subjacentes de doenças sanguíneas.”

Congelamento e Preservação das Células-Tronco

Outro achado interessante da pesquisa foi a descoberta de que as células-tronco cultivadas em laboratório poderiam ser congeladas antes de serem transplantadas para os camundongos. Esse processo de congelamento simula a preservação de células sanguíneas de doadores, uma etapa crucial antes da transfusão para os pacientes.

O professor Ed Stanley, do MCRI, finalizou destacando a importância dessa pesquisa: “Ao aperfeiçoar métodos de células-tronco que imitam o desenvolvimento das células-tronco sanguíneas normais encontradas em nossos corpos, podemos entender e desenvolver tratamentos personalizados para uma série de doenças do sangue, incluindo leucemias e insuficiência da medula óssea.”

Essa pesquisa pioneira abre novos horizontes para o tratamento de doenças hematológicas, oferecendo esperança a milhares de pacientes que aguardam transplantes e que poderão, em breve, contar com uma alternativa mais segura e eficaz.