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Irmãs do Afeganistão superam guerra e machismo para disputar Olimpíadas

Foto: Valentin Flauraud/AFP/Getty
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Fariba e Yulduz Hashimi são ciclistas afegãs que fugiram da guerra e do conservadorismo para alcançar o sonho olímpico

As irmãs Fariba e Yulduz Hashimi, ciclistas do Afeganistão, superaram inúmeras adversidades para participar das Olimpíadas em Paris. A trajetória das duas atletas é marcada por coragem e determinação em um ambiente de extrema repressão e violência.

Início de Carreira em Faryab

Há seis anos, Fariba e Yulduz começaram a andar de bicicleta clandestinamente nas estradas esburacadas de Faryab, uma das regiões mais conservadoras do Afeganistão. Treinando com capacetes e roupas curtas, as jovens enfrentaram agressões físicas e verbais. Elas foram apedrejadas diversas vezes, e a situação piorou drasticamente em 2021, quando o Talibã retomou o poder no país.

Fugindo do Talibã

Com a ascensão do Talibã, a perseguição às irmãs Hashimi se intensificou. Em meio ao caos e à violência, as duas ciclistas fugiram às pressas do Afeganistão, com a ajuda da ex-ciclista italiana Alessandra Cappellotto. Elas enfrentaram uma jornada perigosa até o aeroporto de Cabul, onde chegaram apenas cinco minutos antes de um atentado suicida que matou mais de 200 pessoas.

Recomeço na Itália

Após a fuga, as irmãs se estabeleceram na Itália, onde retomaram os treinos e começaram uma nova vida. Fariba e Yulduz encontraram no novo país a liberdade e a segurança necessárias para continuar perseguindo seus sonhos. “No começo, foi difícil. Tudo era novo: as pessoas, o ambiente, a liberdade”, contou Fariba.

Conquistas e Desafios

Mesmo enfrentando a reprovação inicial da própria família e a hostilidade de muitos afegãos, Fariba e Yulduz seguiram firmes em seu propósito. Elas atraíram a atenção da Federação de Ciclismo do Afeganistão e conseguiram uma vaga na equipe nacional, embora essa conquista tenha sido seguida de novas dificuldades com a tomada do poder pelo Talibã.

Participação Olímpica

A participação nos Jogos Olímpicos de Paris foi assegurada graças ao apoio do Comitê Olímpico Internacional (COI). Para as irmãs Hashimi, a competição é mais do que uma busca por medalhas; é uma oportunidade de representar as mulheres afegãs que sofrem opressão e têm seus direitos negados.

“Representamos as mulheres oprimidas do Afeganistão que não têm permissão nem para ir à escola”, afirmou Fariba. A luta das irmãs Hashimi vai além do esporte, servindo como um exemplo de resistência e esperança para muitas outras mulheres.

Orgulho e Esperança

Fariba expressou seu orgulho em representar as mulheres afegãs e destacou o papel delas em diversas áreas, apesar dos inúmeros desafios. “As mulheres afegãs estão se destacando nos esportes, nas Olimpíadas, na política e na educação, apesar de enfrentarem inúmeros desafios”, concluiu.

A história de Fariba e Yulduz Hashimi é um testemunho inspirador de perseverança e resistência contra a opressão, mostrando que, mesmo nas circunstâncias mais adversas, é possível sonhar e realizar grandes feitos.