Flipelô Celebra Há Oito Anos Memória e Legado do Escritor
No último sábado (10), Jorge Amado, um dos maiores nomes da literatura brasileira, completaria 112 anos. Para celebrar sua memória e legado, a Fundação Casa de Jorge Amado realiza a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), evento que ocorre anualmente em seu aniversário desde sua criação há oito anos.
Jorge Amado, autor de renomados romances como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Tereza Batista Cansada de Guerra, é uma figura emblemática da Bahia. Seu neto, Jorge Amado Neto, destacou que o escritor sempre acreditou não ter criado personagens, mas apenas reconhecido aqueles que já estavam presentes no povo baiano. “Meu avô sempre dizia que não tinha criado os personagens que lhe deram fama e notoriedade. Ele apenas tinha reconhecido aqueles personagens prontos no povo da Bahia”, revelou Neto.
Os romances de Jorge Amado são imersivos, capturando as ruas, o povo e as tradições da Bahia, e abordam questões sociais importantes. Neto explicou que o escritor utilizava sua literatura para destacar problemas sociais e fomentar uma consciência crítica. “A partir do momento em que Jorge Amado começa a escrever e à medida que vai desenvolvendo sua literatura, ele vai demonstrando que é necessário, sim, por meio da cultura e da literatura, enfrentar questões sociais. Ele coloca esses problemas em uma situação de evidência para chamar as pessoas a repensar e a criar uma consciência social”, afirmou.
Neto também ressaltou que Jorge Amado foi um dos responsáveis pela construção da identidade cultural da Bahia. “Ele, juntamente com outras pessoas da época, como Calasans Neto, Carybé, João Ubaldo Ribeiro e Dorival Caymmi, foi responsável por dar uma identidade ou consolidar essa identidade muito marcada da Bahia.”
Sobre as memórias pessoais com o avô, Jorge Amado Neto recorda momentos de carinho e simplicidade. “Eu tinha uma ligação muito grande com ele. Ele me chamava de meu compadre e adorava conversar comigo. Há uma história famosa sobre quando eu colhi jambos no jardim e os ofereci a ele como se fosse um vendedor”, contou Neto, lembrando com afeto a relação próxima que teve com Jorge Amado.
Na Casa do Rio Vermelho, em Salvador, onde Jorge Amado e sua esposa Zélia Gattai viveram, Neto refletiu sobre o impacto global do escritor. “Muitas pessoas que nunca tinham vindo à Bahia foram atraídas por suas obras, como Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Jorge Amado trouxe um pedaço da nossa terra para o mundo através dos seus livros.”
Para a família, Jorge Amado deixou legados preciosos como honestidade, hombridade e justiça. “Acho que ele foi um grande mestre de literatura, mas teve também importância social muito grande. Mudou a vida de muita gente por meio de seus livros”, concluiu o neto.
Jorge Amado não apenas influenciou a literatura, mas também deu voz a segmentos da sociedade marginalizados, estabelecendo um novo paradigma na literatura brasileira.