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Morre Mãe Elda de Oxóssi, a última rainha da Igreja dos Homens Pretos do Recife

Foto: Reprodução
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Liderança espiritual e símbolo da cultura afro-brasileira, Mãe Elda faleceu aos 92 anos; sua trajetória marcou profundamente a história do candomblé e do patrimônio imaterial de Pernambuco

A religiosa Mãe Elda de Oxóssi, uma das mais respeitadas líderes do candomblé em Pernambuco e última rainha da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife, faleceu na manhã desta segunda-feira (13), aos 92 anos. A notícia foi confirmada por familiares e membros da Irmandade, provocando grande comoção entre devotos, lideranças religiosas e defensores da cultura afro-brasileira.

Mãe Elda era reconhecida nacionalmente por seu papel como iyalorixá (mãe de santo) e pelo trabalho de preservação das tradições religiosas afro-brasileiras, especialmente no contexto da histórica igreja situada no bairro de Santo Antônio, no Recife. Com sua morte, encerra-se um ciclo de liderança espiritual dentro da Irmandade, da qual ela fazia parte há décadas e onde foi coroada rainha em 2018.

A cerimônia de sepultamento ocorreu nesta terça-feira (14), no Cemitério de Santo Amaro, na capital pernambucana, com a presença de familiares, religiosos, representantes culturais e fiéis. Antes do cortejo, o corpo de Mãe Elda foi velado na sede da Irmandade dos Homens Pretos, localizada no Pátio do Terço — local emblemático para a cultura negra recifense, onde tradicionalmente são celebradas missas e rituais de matriz africana.

Filha de Oxóssi, Mãe Elda era reconhecida como uma guardiã das tradições religiosas e culturais afro-brasileiras, tendo iniciado sua trajetória espiritual ainda na juventude. Ao longo da vida, ela desempenhou papel essencial na valorização das religiões de matriz africana em Pernambuco, sendo presença constante em debates sobre intolerância religiosa e preservação do patrimônio imaterial.

A Irmandade dos Homens Pretos, fundada no século XVII, é uma das mais antigas do país e abriga um importante acervo histórico e religioso. A liderança exercida por Mãe Elda contribuiu significativamente para a resistência e fortalecimento dessa instituição, especialmente em tempos em que as manifestações culturais negras sofrem com o racismo e a marginalização.

Autoridades locais e representantes de movimentos negros prestaram homenagens à religiosa. Em nota, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) destacou sua contribuição “inestimável para a preservação das tradições do povo de santo e da identidade negra do estado”.

Com sua partida, Mãe Elda deixa um legado de fé, luta e ancestralidade, que seguirá vivo na memória de seus seguidores e de todos que reconhecem a importância da religiosidade afro-brasileira para a formação da identidade cultural nacional.