Nova exposição no Museu da Língua Portuguesa foca no elo entre a língua e a canção
O Museu da Língua Portuguesa inaugura, nesta sexta-feira (14), em São Paulo, a exposição temporária “Essa Nossa Canção”. A mostra explora a ligação entre a língua portuguesa e a música brasileira, uma ligação tão profunda que é responsável por construir não só a nossa identidade, como também a memória coletiva.
A exposição é dividida em quatro salas:
- Sala 1: Palavras Cantadas
Nessa sala, o visitante é recebido por uma colagem de versos de diversas músicas brasileiras. Esses versos são apresentados em 14 caixas de som acústicas, sem acompanhamento instrumental. Os versos conversam entre si e criam uma nova e transformadora obra, elaborada pelo produtor cultural Alê Siqueira.
- Sala 2: Novas Interpretações
Na segunda sala, dez músicas emblemáticas do cancioneiro nacional ganham novos intérpretes, promovendo ligações inusitadas entre as interpretações clássicas e a música brasileira contemporânea. Juçara Marçal, por exemplo, canta “Sinal Fechado”, de Paulinho da Viola. José Miguel Wisnik e Xênia França cantam “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. E fãs dos Racionais MC’s cantam o clássico rap “Diário de um Detento”.
- Sala 3: As Canções
A terceira sala da exposição é dividida em dois espaços. Em um deles, o público tem a oportunidade de assistir ao documentário “As Canções” (2011), de Eduardo Coutinho. No outro, os cineastas Quito Ribeiro e Sérgio Mekler realizam uma obra inédita composta por pequenos trechos de músicas que estão em vídeos do YouTube com interpretações de diversas músicas brasileiras.
- Sala 4: Manuscritos e Linha do Tempo
Na última sala da exposição, há reproduções dos manuscritos de canções escritas pela cantora sertaneja Marília Mendonça, o músico Tom Jobim e o sambista Cartola. Há, ainda, uma linha do tempo em que são apresentados aparelhos que reproduziram essas canções brasileiras ao longo dos anos, desde a vitrola, ao disco de 78 rpm, passando pelas fitas K7 e os iPods.
A ideia da exposição é que o público faça o percurso como um sopro. Um sopro que vai se adensando e ganhando forma, corpo e elementos.
“A canção é um sopro. E, no Brasil, é um sopro que oxigena e que reúne características da identidade brasileira, que é vastíssima, e da multiplicidade de Brasis que não é um país, mas [são] muitos. A canção une todas as pontas do Brasil. Une o erudito e o popular, o antigo e o mais moderno. É sempre uma recriação: você bebe da tradição, mas a reinventa o tempo todo. E você une classes sociais. Você pode contar a história do Brasil e todo mundo se identifica com ela, de algum jeito, através da canção. Cada um de nós tem canções que também traduzem nossas vidas. De fato, estão na alma do brasileiro a música e a canção”, analisa Isa Grinspum Ferraz, uma das curadoras da exposição.
“Essa não é uma exposição sobre a história da canção. Não há nenhuma ambição totalizante nesse sentido de fazer uma tese sobre a canção. É uma exposição sensorial, fluída. Ela não é para ser entendida racionalmente, mas para ser sentida, aproveitada, como é a própria canção. A canção é esse sopro. A gente esquece que a fala é sopro, um sopro contínuo, cortada pelas cordas vocais. E a canção é esse sopro potencializado por um ritmo musical”, depõe Carlos Nader, outro curador da exposição.
“Essa Nossa Canção” fica em cartaz até março de 2024. O museu tem entrada gratuita aos sábados. Mais informações podem ser obtidas no site do museu.
Foto – Paulo Pinto/Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil