Brasileiro vence duelo acirrado e se destaca como uma das grandes promessas do esporte nacional
Edival Pontes, mais conhecido como Netinho, brilhou nesta quinta-feira ao garantir a primeira medalha do Brasil no taekwondo desde os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Competindo na categoria até 68 kg, Netinho venceu Javier Pérez Polo, da Espanha, por 2 rounds a 1, na disputa pelo bronze, e assegurou o terceiro pódio do país na história da modalidade. Com essa conquista, o Brasil chega a 16 medalhas nas Olimpíadas de Paris.
A jornada de Netinho até a medalha foi marcada por desafios. Após perder para Zaid Abdul Kareem, da Jordânia, nas quartas de final, o brasileiro teve a chance de disputar o bronze graças à regra da repescagem, que o levou a enfrentar o turco Hakan Reçber. Curiosamente, Reçber havia eliminado Netinho nos Jogos de Tóquio em 2020, mas desta vez, o brasileiro levou a melhor, garantindo sua vaga na disputa pelo pódio.
Em uma emocionante entrevista à TV Globo após a vitória, Netinho relembrou as dificuldades enfrentadas ao longo de sua carreira, especialmente no início em sua terra natal, João Pessoa, na Paraíba. “Foi muito difícil. Desde o começo, na Paraíba, sempre foi difícil o apoio ao esporte. O nordeste tem muitos talentos, do boxe na luta, mas não tem como uma coisa tão legal [como o taekwondo]. Graças a Deus eu estou em uma boa equipe, sempre representando João Pessoa, minha Paraíba. Não tenho palavras para dizer o quanto amo aquela terra”, desabafou o atleta.
A luta pela medalha de bronze foi acirrada e exigiu muito do brasileiro. No primeiro round, Netinho ficou em desvantagem após receber um golpe no tronco, mas conseguiu se recuperar com um chute certeiro na cabeça de Pérez Polo, terminando a etapa inicial empatado em 3 a 3. No segundo round, o espanhol iniciou melhor e abriu vantagem, mas Netinho ainda conseguiu marcar um golpe na cabeça do adversário, encerrando o assalto com uma derrota por 6 a 4. No terceiro e decisivo round, o brasileiro mostrou sua superioridade, conectando dois chutes no tronco e abrindo uma vantagem de 4 a 0. Com a vantagem, Netinho adotou uma estratégia mais defensiva, conseguindo administrar o resultado até o fim, mesmo após receber três punições, fechando o placar em 4 a 3.
Esta é a segunda participação olímpica de Netinho. Nos Jogos de Tóquio em 2020, ele foi eliminado nas oitavas de final, uma derrota que serviu de motivação para sua preparação para Paris 2024. Além do bronze olímpico, o atleta tem um currículo impressionante, com conquistas como a medalha de ouro no Pan-Americano de 2019, na categoria individual até 68 kg, e em 2023, por equipes.
Nascido na Paraíba, Netinho começou sua trajetória no esporte aos cinco anos, inicialmente no futebol, mas aos sete anos descobriu sua verdadeira paixão pelo taekwondo. No entanto, sua preparação para os Jogos de Paris foi marcada por um desafio extra: uma batalha judicial após ser suspenso devido a um resultado adverso em um exame de doping em novembro de 2023. A substância detectada não foi revelada, mas sua defesa conseguiu reduzir a suspensão, permitindo que Netinho voltasse às competições já em janeiro deste ano. Ao conquistar a classificação olímpica em abril, o atleta destacou as provações enfrentadas ao longo de sua carreira e a superação de mais esse obstáculo.
A vitória em Paris solidifica Netinho como uma das grandes promessas do taekwondo brasileiro e um exemplo de perseverança e dedicação ao esporte. Sua trajetória até o bronze é uma inspiração para jovens atletas que sonham em seguir seus passos.
Foto: REUTERS/Albert Gea/reprodução