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Papa Francisco revela ter sido usado para evitar eleição de Bento XVI durante o Conclave de 2005

Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane
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Revelação surge em livro de entrevistas e destaca estratégia para bloquear ascensão de Joseph Ratzinger ao pontificado

Neste domingo (31), o Papa Francisco trouxe à tona uma revelação surpreendente: ter sido utilizado como peça-chave em uma manobra para impedir a eleição de Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, durante o Conclave de 2005.

A informação, divulgada pela agência italiana de notícias ANSA e citada pelo jornal espanhol ABC, é parte integrante do livro de entrevistas intitulado “El Sucesor” (O Sucessor, em tradução livre), escrito pelo jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal. A obra, que lança luz sobre as memórias do Pontífice e sua relação com Bento XVI, está prevista para ser publicada em 3 de abril.

“Naquele conclave, eles me usaram”, declarou Francisco, revelando uma das engrenagens por trás das complexas negociações na eleição papal. “Os cardeais juram não revelar o que acontece no conclave, mas os Papas têm licença para contar”, esclareceu.

O Papa Francisco revelou ter recebido 40 dos 115 votos na Capela Sistina, uma quantidade significativa que, segundo ele, foi suficiente para bloquear a candidatura do Cardeal Joseph Ratzinger. “Se tivessem continuado a votar em mim, ele não teria conseguido atingir os dois terços necessários para ser eleito Papa”, afirmou o argentino.

Quando questionado sobre a possibilidade de sua própria eleição, Francisco explicou que não era esse o objetivo dos que estavam por trás da estratégia. “A manobra consistiu em colocar meu nome, bloquear a eleição de Ratzinger e, então, negociar um terceiro candidato diferente”, acrescentou. Ele ainda revelou que lhe disseram que não queriam um Papa estrangeiro.

O Papa Francisco detalhou que a operação ocorreu durante o Conclave de 2005, especificamente na segunda ou terceira votação, na manhã de terça-feira, 19 de abril. Ao perceber a movimentação, Francisco confrontou o cardeal colombiano Darío Castrillón, alertando-o sobre a retirada de sua candidatura.

O Pontífice também compartilhou sua admiração por Ratzinger, revelando-o como seu “candidato” devido à sua capacidade de liderança após a era de João Paulo II. “Se tivessem escolhido alguém como eu, que causa tantos problemas, eu não teria podido fazer nada”, disse Francisco, refletindo sobre a complexidade do papel papal. “Ele encontrou muita resistência no Vaticano”, concluiu.

Os papas Francisco e Bento – Getty Imagens