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Pesquisadores brasileiros desenvolvem bioplásticos antipoluentes com potencial revolucionário

Foto: Catherine Sheila/ Pexels
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Iniciativa Promissora da UFRJ Pode Reduzir Drasticamente a Poluição por Plásticos no Ambiente

Pesquisadores do Instituto de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão à frente de um projeto inovador que promete revolucionar o combate à poluição plástica. Sob a coordenação da professora Maria Inês Bruno Tavares, a equipe desenvolveu bioplásticos que se degradam rapidamente no ambiente ou em condições ideais de compostagem, diferindo substancialmente dos plásticos sintéticos que, ao se fragmentarem, deixam resíduos nocivos conhecidos como microplásticos.

A inovação desses bioplásticos está no uso de pequenas partículas encapsuladas de bioativos de alimentos funcionais, como a cenoura e a chia, que aceleram o processo de decomposição e garantem que o material não contribua para a poluição ambiental. Os bioplásticos, ao se decompor, são totalmente consumidos por microrganismos, não deixando vestígios permanentes no meio ambiente. Este avanço foi detalhado em dois artigos publicados no Journal of Applied Polymer Science, com um dos artigos recebendo destaque na capa da edição de maio.

O Impacto Global da Poluição Plástica

A poluição por plástico é um dos maiores desafios globais contemporâneos. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a cada minuto são compradas um milhão de garrafas plásticas no mundo, e cerca de cinco trilhões de sacolas plásticas são utilizadas anualmente. Metade de todo o plástico produzido é destinado ao uso único, sendo descartado após breve utilização. Esses plásticos sintéticos, compostos por grandes moléculas chamadas polímeros, se fragmentam em microplásticos durante a degradação, contaminando o ar, a água e até mesmo os alimentos, com impactos potenciais para a saúde humana.

Maria Inês Tavares explica que, embora todo material polimérico gere microplásticos durante sua decomposição, a diferença crucial dos bioplásticos desenvolvidos pela UFRJ é que esses resíduos são completamente consumidos por microrganismos, ao contrário dos plásticos sintéticos, cujos microplásticos persistem no ambiente.

Desempenho dos Bioplásticos em Condições Naturais

Os testes realizados pela equipe indicam que, em condições ideais de compostagem, os bioplásticos desenvolvidos pela UFRJ podem perder até 90% de sua massa em apenas 180 dias. Mesmo quando descartados no ambiente, esses materiais se degradam rapidamente, graças à incorporação de alimentos funcionais em sua composição, o que acelera ainda mais o processo de decomposição em comparação com os plásticos compostáveis atuais.

A professora Tavares destaca que o ideal é que esses bioplásticos sejam descartados em composteiras, onde as condições são propícias para a ação de microrganismos na reciclagem de materiais orgânicos, garantindo uma degradação eficiente e rápida.

Futuro dos Plásticos: A Busca por Soluções Sustentáveis

O objetivo dos pesquisadores é aumentar o uso de plásticos biodegradáveis, minimizando o consumo de polímeros sintéticos que, apesar de indispensáveis em certos setores como a aviação, automotivo e equipamentos de segurança, podem ser substituídos em grande parte das embalagens e produtos de uso cotidiano.

Para enfrentar o desafio global da poluição plástica, Maria Inês Tavares enfatiza a importância de adotar materiais biodegradáveis sempre que possível e de assegurar o descarte correto ou a reciclagem dos materiais que não podem ser substituídos. No caso de resíduos hospitalares e medicamentos, a incineração continua sendo o método indicado para evitar contaminações adicionais.

Oportunidade de Liderança para o Brasil

Com a pesquisa já em processo de patenteamento e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), os pesquisadores da UFRJ acreditam que o Brasil tem o potencial de liderar mundialmente a produção e utilização de bioplásticos. “O Brasil pode sair na frente pela dimensão que ele tem, pelas capacidades que ele tem”, afirma Tavares, destacando a importância de investimento e interesse de empresas no desenvolvimento desses materiais inovadores.

A expectativa é que essa tecnologia seja adotada em larga escala, contribuindo significativamente para a redução da poluição plástica e promovendo um futuro mais sustentável para o planeta.