A jornada de Eduardo Lima, que superou adversidades do sertão, ganha destaque no renomado museu parisiense
As obras de um pintor brasileiro ecoaram nos corredores do Carroussel do Louvre, em Paris, e a emocionante reação do artista viralizou nas redes sociais. Eduardo Lima, oriundo do sertão da Bahia, trilha uma trajetória marcada por desafios como frentista, antes de conquistar um espaço em um dos museus mais prestigiados do planeta.
O vídeo, com mais de meio milhão de visualizações, captura o momento de pura emoção de Eduardo ao deparar-se com suas criações em exposição. “Olha só o Eduardo. Está muito emocionado, muito emocionado mesmo. Está feliz, filhote?”, indaga Cida Lima no registro, sua esposa.
O artista compartilha que a emoção foi permeada por lembranças do início de sua jornada: “Recordei toda minha história como frentista no posto, dos elogios dos amigos, das dificuldades enfrentadas, do carro que quebrava e precisávamos empurrar. Uma série de memórias invadiu minha mente e eu não pude conter a emoção. Eu já havia chorado muito antes. O vídeo captou apenas o desfecho dessa trajetória.”, disse.
Seu primeiro contato com a arte foi através do trabalho de seu pai, que esculpia peças de cerâmica. “Observava aquelas pessoas moldando o barro e ficava maravilhado”, relembra o artista, que retrata em suas obras cenas do cotidiano do Nordeste.
“Minha inspiração surge das pessoas. Eu diria que as pessoas simples me fascinam. Esses indivíduos do sertão, que labutam na terra, que trabalham nas casas de farinha, que ganham o pão com o suor do rosto, esses são os que verdadeiramente me cativam. Vejo muita beleza nessas atividades e é nelas que encontro a inspiração para pintar com tinta e pincel.”
Apesar do início humilde como frentista, Lima utilizava seu tempo livre para criar de maneira despretensiosa. A qualidade de seu trabalho começou a ser reconhecida por amigos, o que o motivou a deixar o posto e abraçar a carreira artística. Em 2005, munido de telas e determinação, percorreu o sertão oferecendo suas pinturas aos que encontrava pelo caminho, tornando-se um autêntico ambulante de arte.
Em meio a desafios, Eduardo cogitou desistir e chegou a abandonar a arte para trabalhar na construção civil. Contudo, com a popularização da internet, ele decidiu compartilhar fotos de suas obras em uma rede social. A iniciativa foi um sucesso, levando seu trabalho a novos horizontes e encorajando-o a retornar ao mundo das artes. Foi nesse período que montou seu ateliê.
“Começamos um projeto para levar arte para todas as capitais e foi o que fizemos. Pessoas do mundo todo vêm fazendo contato comigo. Onde dá para chegar, estamos levando arte.”
Eduardo revela que nunca esperava alcançar tamanho sucesso e credita o apoio da família e sua autoconfiança como fatores cruciais para sua jornada atual: “Nunca imaginei chegar onde cheguei. Já fiz exposições em que poucas pessoas sequer notaram as obras expostas. Cheguei a retirar minhas peças e as pessoas nem perceberam que eu havia montado uma exposição. Houve muitas coisas que tentaram me puxar para trás, mas confesso que as pessoas sempre me incentivaram e isso foi meu alicerce. Acredite em você, que tudo dará certo.”

Eduardo e Cida Lima ao longo dos anos – Reprodução/X/@eduardolimaart

Obra Falando ao Coração, de Eduardo Lima / Divulgação

Obra Falando ao Coração, de Eduardo Lima / Divulgação