Meteorologistas apontam fenômenos climáticos e sistemas atmosféricos como responsáveis pela tragédia no estado
O Rio Grande do Sul enfrenta um dos maiores desastres climáticos de sua história, com chuvas torrenciais que já perduram por dias, resultando em mortes, cidades submersas e ameaças de rompimento de barragens. Mas por que o estado está enfrentando essa situação tão grave?
Em entrevista à TV Brasil, o meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, aponta uma combinação de fatores para explicar as intensas chuvas no estado. Uma onda de calor na região central do Brasil, aliada à alta pressão atmosférica, está bloqueando a passagem das frentes frias que normalmente se deslocam para o norte do país.
“Essas frentes frias, que vêm da Argentina, chegam rapidamente na Região Sul e acabam ficando estacionárias, mantendo as chuvas por vários dias”, explicou Seluchi.
Além disso, o meteorologista não descarta a influência do El Niño, que está em fase final, e das mudanças climáticas, que aquecem a atmosfera e os oceanos, gerando mais vapor para formação de chuvas.
Quanto tempo ainda vai chover? Seluchi prevê que os temporais continuarão por dias devido a um fenômeno no Oceano Pacífico chamado sistema de bloqueio, que afeta o Brasil, mantendo uma situação atmosférica estagnada e persistente. Segundo ele, as chuvas devem diminuir de intensidade a partir de domingo.
Enquanto as chuvas persistem, o processo de absorção da água será demorado, alerta Seluchi, acrescentando que a situação pode levar vários dias para se normalizar. O nível do Lago Guaíba, que banha Porto Alegre, pode subir até cinco metros até sexta-feira (5) devido às chuvas.
Para Seluchi, embora volumes de chuva semelhantes já tenham sido registrados em outras partes do Brasil, a abrangência territorial das chuvas no Rio Grande do Sul é inédita, tornando esta situação uma das maiores tragédias naturais do país.
Foto: Reuters/Diego Vara