No último sábado (13), Yara Sereya, 36 anos, atriz, cantora e CEO da Rede Negra Indígena, fez história ao se tornar a primeira mulher transexual a realizar a cirurgia de transição vocal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Salvador.
Yara, que também foi princesa LGBT do Carnaval de Salvador 2023, enfrentava desafios com sua voz, que não refletia sua identidade de gênero. A cirurgia, realizada pela Dra. Erica Campos, otorrinolaringologista pioneira na técnica no Brasil, foi um marco importante na sua vida e na saúde pública baiana.
O procedimento, chamado glotoplastia, foi realizado no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), vinculado à Universidade Federal da Bahia (Ufba) e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A técnica é considerada minimamente invasiva e tem duração média de uma hora e meia.
Para Yara, a cirurgia representa mais do que uma mudança vocal: é a oportunidade de se expressar autenticamente. “Minha voz sempre foi um grande incômodo interno. Como artista, deixei de ser selecionada em trabalhos por minha voz distorcer a proposta da personagem”, conta.
A cirurgia traz benefícios além da autoestima, devolvendo a confiança e o senso de pertencimento às mulheres trans. Erica destaca a importância do procedimento na qualidade de vida dessas mulheres, proporcionando uma voz mais alinhada com sua identidade de gênero.
Este marco na saúde pública baiana abre caminho para que mais pessoas trans tenham acesso à cirurgia de transição vocal pelo SUS. Pré-requisitos incluem acompanhamento psicológico e fonoaudiológico no Ambulatório Transsexualizador da Ufba. No setor privado, a recomendação é buscar um especialista habilitado e seguir as diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Atriz e cantora baiana Yara Sereya fez a cirurgia de transição vocal (Foto: Arquivo pessoal)