Um projeto pioneiro no Peru está utilizando um robô para plantar sementes e auxiliar no reflorestamento da Amazônia, onde a floresta tropical intocada e a biodiversidade estão sendo devastadas pela mineração e extração ilegal de madeira.
A organização sem fins lucrativos Junglekeepers afirma que a inclusão dos robôs nessa luta contra a destruição da floresta tropical pode ser um marco significativo, especialmente às vésperas do Dia Mundial da Floresta Tropical, em 22 de junho.
Juan Julio Duran Torres, vice-presidente da Junglekeepers e ex-minerador ilegal e madeireiro convertido em conservacionista, destaca que os mineradores e madeireiros possuem tecnologia avançada que pode causar grandes estragos. Ele acredita que ao contar com a ajuda de um robô para o plantio de árvores e envolver a população local no aprendizado dessa tecnologia, será possível lutar juntos contra a destruição.
A ABB Robotics, com sede em Zurique, forneceu uma versão do seu robô YuMi para colaborar com os conservacionistas. O robô YuMi, lançado pela primeira vez em 2015, é conhecido por sua atuação na indústria, trazendo automação para diversos processos.
O robô, alimentado por painéis solares e conectado por Wi-Fi via satélite, é controlado remotamente a partir de uma base da ABB na Suécia, a 12.000 km de distância. Após uma jornada de três dias, o robô chegou à base da Junglekeepers na região sudeste do Peru, conhecida como “Madre de Dios” ou “Mãe de Deus”.
Uma vez instalado, o robô trabalha incansavelmente, cuidadosamente pegando sementes e usando uma pequena espátula para preparar o solo em uma plantadeira, onde deposita as sementes e as cobre.
Mohsin Kazmi, CEO da Junglekeepers International, explica que o robô é capaz de plantar todas as sementes para o viveiro da organização, permitindo que os guardas florestais se dediquem a outras tarefas relacionadas ao reflorestamento. Ele acrescenta que o robô pode plantar cerca de 600 plantas em uma manhã, o que equivale a duas áreas do tamanho de um campo de futebol, ajudando a combater o desmatamento.
Além do plantio por robôs, a Junglekeepers utiliza guardas florestais indígenas peruanos para patrulhar, proteger e agora replantar a Amazônia. As mudas de árvores são transportadas por rio e por terra para serem plantadas pela equipe.
Os conservacionistas estão estudando a viabilidade de estabelecer instalações de plantio de robôs em larga escala nas comunidades amazônicas, o que poderia permitir o plantio diário de milhares de sementes.
O desmatamento na floresta amazônica peruana é impulsionado principalmente pela mineração ilegal de ouro, extração de madeira e desmatamento para o cultivo de coca, matéria-prima da cocaína.
Dennis del Castillo Torres, diretor de programas do Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP), ressalta a importância de trabalhar em conjunto para salvar a Amazônia, considerando-a em perigo e afirmando sua convicção de que ela pode ser salva.
A proteção da floresta amazônica, lar de milhões de indígenas, é fundamental na luta contra as mudanças climáticas devido à sua capacidade de absorver grandes quantidades de dióxido de carbono, contribuindo para o aquecimento global.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e o Peru possui a segunda maior extensão da Amazônia, depois do Brasil. Dados do governo brasileiro mostram que em 2022, aproximadamente três campos de futebol de floresta virgem foram desmatados a cada minuto.
Foto: Timbuktu/ABB