Presidente manifesta confiança apesar de índices de desaprovação e destaca desafios econômicos.
Em reunião reservada na noite de terça-feira (2) na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicou a senadores aliados sua intenção de concorrer à reeleição em 2026. Segundo relatos de participantes, Lula demonstrou disposição e confiança, mesmo diante de uma desaprovação de 56% apontada pela pesquisa Genial/Quaest divulgada recentemente.
Durante o encontro, o presidente atribuiu parte da sua baixa popularidade à inflação, que, embora tenha desacelerado para 0,64% em março, ainda impacta negativamente a economia doméstica. Lula também enfatizou a necessidade de reduzir a taxa básica de juros, atualmente em 14,25%, como medida essencial para estimular o crescimento econômico e melhorar a percepção pública de seu governo.
Além de discutir sua própria candidatura, Lula reafirmou apoio aos senadores aliados que planejam disputar a reeleição no próximo ano, comprometendo-se a dialogar individualmente com cada um para alinhar estratégias políticas. Senadores presentes descreveram o presidente como “candidatíssimo”, “alegre” e “disposto” a enfrentar o desafio eleitoral vindouro.
No decorrer da reunião, parlamentares como Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) apresentaram demandas regionais, incluindo o impasse sobre a BR-319, conhecida como “Rodovia da Lama”, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Lula já havia prometido esforços para o asfaltamento dessa rodovia em compromissos anteriores, e os senadores reiteraram a importância da obra para o desenvolvimento local.
A confirmação da intenção de Lula em disputar a reeleição ocorre em um momento de desafios políticos e econômicos para o governo. Recentemente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que o governo Lula está “derretendo” e descartou a possibilidade de seu partido apoiar o PT nas eleições de 2026.
Além disso, o cenário político tem se mostrado desafiador para a esquerda brasileira. Nas eleições municipais de outubro de 2024, partidos de centro-direita obtiveram vitórias significativas, indicando uma possível mudança no espectro político do país. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito de direita Ricardo Nunes venceu com cerca de 60% dos votos, derrotando Guilherme Boulos, candidato de esquerda apoiado por Lula.
A saúde de Lula também tem sido motivo de atenção. Em dezembro de 2024, o presidente, então com 79 anos, foi hospitalizado devido a uma hemorragia cerebral, da qual se recuperou após cirurgia. Esse episódio levantou questionamentos sobre sua capacidade de disputar um novo mandato aos 81 anos.
Apesar desses desafios, Lula mantém-se como a principal liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) e figura central na política brasileira. Sua confirmação como candidato à reeleição em 2026 sinaliza a continuidade de sua influência e a disposição em enfrentar os obstáculos políticos e econômicos que se apresentam.