google.com, pub-6509141204411517, DIRECT, f08c47fec0942fa0

Revista Nova Imagem - Portal de Notícias

Nos acompanhe pelas redes sociais

Passageira denuncia racismo institucional em aeroporto baiano após inspeção sem acompanhamento

Foto: Reprodução
Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on linkedin
Share on email

Jornalista relata constrangimento ao ter bagagem vistoriada sem sua presença no Aeroporto de Porto Seguro; caso levanta debate sobre práticas discriminatórias em aeroportos brasileiros

No último sábado (12), a jornalista Daniele de Jesus denunciou ter sido vítima de racismo institucional durante uma abordagem no Aeroporto de Porto Seguro, no sul da Bahia. Ao retornar de uma viagem de trabalho acompanhada de cinco colegas, Daniele foi surpreendida por um funcionário da companhia aérea que, ao suspeitar do peso de sua bagagem, decidiu levá-la para uma inspeção no raio-X sem permitir que a passageira acompanhasse o procedimento.​

“Ele perguntou o que havia na minha mala e eu disse que tinha roupas, sapatos, objetos de uso pessoal e uma obra de arte, que adquiri na viagem. Ele disse que, devido ao peso, parecia que havia algo suspeito ou ilícito, e que levaria a bagagem para o raio-X. Eu disse que queria acompanhar, mas ele levou a mala para uma área reservada, sem que eu tivesse acesso”, relatou Daniele.​

A jornalista expressou preocupação com a possibilidade de inserção de objetos na bagagem durante a inspeção não supervisionada. “Eu viajo o tempo inteiro a trabalho e nunca fui abordada dessa forma por nenhuma companhia aérea. Eu fiquei sem atitude, constrangida. Falei para o funcionário que o que ele fez não foi correto, que eu deveria ter acompanhado o procedimento”, afirmou.​

O episódio gerou uma discussão entre Daniele e o funcionário, culminando na intervenção do gerente da Azul Linhas Aéreas, que pediu desculpas pelo ocorrido e informou que nada ilícito foi encontrado na bagagem. Ao chegar em Salvador, Daniele registrou um boletim de ocorrência para formalizar a denúncia.​

A passageira destacou que seus colegas de viagem não foram submetidos ao mesmo tipo de abordagem, sugerindo que o tratamento diferenciado pode ter sido motivado por discriminação racial. “Nós ouvimos autores falando sobre racismo institucional, mas as pessoas ainda não entendem a seriedade disso. Eu me senti fragilizada e constrangida. Por mais preparada que as pessoas estejam para combater o racismo, nós ainda ficamos sem poder de reação quando acontece com a gente”, desabafou.​

A Azul Linhas Aéreas até o momento não se posicionou sobre o assunto.​

Este incidente reacende o debate sobre práticas discriminatórias em aeroportos brasileiros. Em dezembro de 2024, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lançou a campanha “Embarque Numa Boa: Segurança e Respeito Em Cada Inspeção”, visando esclarecer que inspeções pessoais em aeroportos são realizadas de forma aleatória, sem relação com características pessoais dos passageiros. A Anac enfatizou que a inspeção de segurança não deve ter relação com origem, raça, sexo, idade, profissão, identidade de gênero, orientação sexual, religiosa ou qualquer outra característica da pessoa.​

A campanha também orienta que passageiros que se sintam desrespeitados ou discriminados durante os procedimentos de inspeção devem procurar as ouvidorias dos ministérios da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e da Cidadania, das Mulheres, ou da própria Anac, por meio da plataforma Fala.BR.

O caso de Daniele de Jesus destaca a necessidade contínua de vigilância e educação para garantir que todos os passageiros sejam tratados com respeito e dignidade, independentemente de sua origem ou aparência.

Fonte: Correio da Bahia