Pesquisa sugere que medicamentos para controle do colesterol LDL oferecem proteção adicional contra doenças neurodegenerativas
Um estudo recente publicado na revista BMJ Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry indica que o uso de estatinas, medicamentos amplamente prescritos para reduzir os níveis de colesterol LDL (“ruim”), pode estar associado a um menor risco de desenvolvimento de demência. A pesquisa, conduzida por cientistas sul-coreanos, analisou dados de mais de 12 milhões de pacientes adultos sem diagnóstico prévio de demência, acompanhados entre 1986 e 2020.
Os resultados mostraram que manter níveis de LDL-C abaixo de 70 mg/dL está correlacionado a uma redução de 26% no risco de diagnóstico de demência. Notavelmente, essa proteção foi mais significativa em indivíduos que utilizavam estatinas, sugerindo que esses medicamentos podem oferecer benefícios neuroprotetores além do controle lipídico.
Embora os benefícios cardiovasculares das estatinas sejam bem documentados, sua relação com a saúde cognitiva ainda é objeto de investigação. Estudos anteriores apresentaram resultados variados, com alguns indicando possíveis efeitos adversos cognitivos, enquanto outros, como este, apontam para efeitos protetores.
Além disso, pesquisas têm explorado a relação entre o colesterol HDL (“bom”) e a demência. Um estudo australiano publicado na The Lancet Regional Health observou que níveis excessivamente altos de HDL (acima de 80 mg/dL) em idosos podem estar associados a um risco aumentado de demência, especialmente em indivíduos com 75 anos ou mais.
Esses achados ressaltam a complexidade do metabolismo lipídico e sua influência na saúde cerebral. Enquanto manter níveis adequados de colesterol é crucial para a saúde cardiovascular, os efeitos sobre a função cognitiva podem variar conforme o tipo e a concentração dos lipídios.
Diante dessas evidências, especialistas recomendam uma abordagem equilibrada no manejo do colesterol, considerando não apenas os riscos cardiovasculares, mas também os potenciais impactos na saúde cognitiva. A prescrição de estatinas deve ser individualizada, levando em conta o perfil de risco do paciente e monitorando possíveis efeitos colaterais.
A pesquisa sul-coreana contribui para o entendimento dos possíveis benefícios das estatinas na prevenção de doenças neurodegenerativas. No entanto, os autores destacam a necessidade de estudos adicionais para confirmar esses achados e esclarecer os mecanismos envolvidos na relação entre o controle lipídico e a saúde cerebral.