O mestre da arquitetura modernista que transformou Barcelona e deixou um legado imortal com obras como a Sagrada Família, agora em processo de canonização pela Igreja Católica.
Antoni Gaudí, um dos maiores gênios da arquitetura de todos os tempos, deu início a um novo capítulo na história da arte e da fé. Em 14 de abril de 2025, a Igreja Católica deu o primeiro passo para sua canonização, reconhecendo o arquiteto como um modelo de devoção cristã. Gaudí, que faleceu em 1926, não apenas revolucionou a arquitetura com seu estilo único, mas também dedicou sua vida à sua fé católica, tornando-se um exemplo de espiritualidade através de suas obras.
Natural de Reus, na Catalunha, Gaudí ganhou notoriedade no final do século XIX e início do século XX por seu trabalho inovador e profundamente ligado aos valores cristãos. Sua contribuição mais conhecida é a Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, que começou a ser construída em 1882 e segue em andamento até hoje. Apesar de o projeto ter sido iniciado sob a direção de Francisco de Paula del Villar, Gaudí assumiu a obra em 1883 e transformou o projeto original com suas inovações. Ele dedicou os últimos 12 anos de sua vida exclusivamente a essa obra monumental, que permanece inacabada até hoje.
A Sagrada Família, com suas torres góticas imponentes, é considerada uma obra-prima de Gaudí. Ela é, atualmente, a maior igreja católica romana inacabada do mundo e um Patrimônio Mundial da Humanidade, reconhecido pela Unesco. A basílica, que atrai milhões de turistas todos os anos, é uma das principais atrações de Barcelona e um símbolo da arquitetura catalã, além de um local de intensa devoção religiosa.
Além da Sagrada Família, Gaudí também foi o responsável por outras obras que definiram a arquitetura de Barcelona e da Catalunha. O Parque Güell, um jardim público com formas orgânicas e mosaicos coloridos, e a Casa Batlló, um edifício icônico de fachada surrealista, estão entre seus maiores legados. A Casa Milà, mais conhecida como La Pedrera, é outro exemplo da ousadia criativa de Gaudí, com suas curvas e formas que imitam a natureza. Todas essas construções se tornaram marcos turísticos e culturais, além de refletirem a conexão profunda de Gaudí com a natureza e com a espiritualidade.
A previsão era de que a Sagrada Família fosse concluída até 2026, no centenário da morte do arquiteto. No entanto, devido aos impactos da pandemia de COVID-19, que afetaram o turismo e as receitas usadas para financiar a obra, essa data foi adiada indefinidamente. O Vaticano, que recentemente declarou Gaudí como “o arquiteto de Deus”, destaca a dedicação religiosa e a visão espiritual que ele impregnou em suas obras, refletindo sua busca pela beleza divina e pela transcendência.
A canonização de Gaudí é um reconhecimento de sua profunda fé cristã, que não se limitava a uma prática religiosa convencional, mas permeava todo o seu trabalho. Para ele, cada linha desenhada, cada estrutura erguida, tinha um propósito maior, um desejo de aproximar as pessoas de Deus. Sua obra transcende a arquitetura e se torna uma expressão viva de sua fé.
Antoni Gaudí, portanto, não é apenas lembrado como um grande arquiteto, mas também como um homem de fé que usou seu talento para glorificar a divindade e tocar as almas dos que contemplam suas obras. Com a canonização em vista, Gaudí pode finalmente ser reconhecido pela Igreja como um exemplo de santidade, provando que a arte e a fé podem caminhar juntas em harmonia.