Símbolo de renovação e fertilidade, o ovo de Páscoa percorreu uma longa trajetória até se consolidar como uma das principais tradições da celebração.
O ovo sempre esteve associado a significados de fertilidade e renovação em diversas culturas antigas. Civilizações pagãs, como os persas, celebravam o início da primavera pintando ovos para marcar o Nowruz, seu Ano Novo, simbolizando um período de renovação. No Hemisfério Norte, durante o Equinócio da Primavera, agricultores enterravam ovos como oferendas, acreditando que isso garantiria boas colheitas na nova estação.
Com a expansão do Cristianismo, o ovo foi incorporado como símbolo da ressurreição de Cristo, representando a vitória da vida sobre a morte. No Leste Europeu, surgiu a tradição do “pysanka”, que consiste em decorar ovos com padrões específicos que simbolizam saúde, pureza e fertilidade.
A transformação do ovo de Páscoa em uma iguaria comestível ocorreu entre os séculos XIX e XX, quando o chocolate, considerado sagrado por civilizações como os Maias e Astecas, começou a ser moldado em formato de ovos na Europa. Essa inovação culinária rapidamente se popularizou, marcando uma adaptação significativa na celebração pascal.
No Brasil, a tradição dos ovos de Páscoa demorou a se estabelecer. Foi apenas no século XX, após a abolição da escravatura em 1888, que os ovos de chocolate começaram a circular no país. Fatores como a colonização portuguesa e séculos de trabalho escravo contribuíram para esse atraso. Além disso, a prática de presentear crianças com ovos enfrentou resistência em uma sociedade que, durante muito tempo, enxergou os pequenos como “pequenos adultos”.
Atualmente, os ovos de Páscoa tornaram-se um símbolo universal da festividade, disponíveis em uma variedade de tipos e sabores, desde opções com brinquedos até versões gourmet recheadas. No Brasil, apesar do aumento de 9,5% nos preços em 2025, a tradição permanece forte, refletindo a renovação e a esperança celebradas na Páscoa.
