Em meio a uma paisagem deslumbrante da Geórgia, a igreja erguida a 40 metros do solo desafio o entendimento histórico e moderno. Proibida ao público, sua história e construção continuam a intrigar estudantes e visitantes.
A Geórgia, um país repleto de montanhas majestosas e rica herança cultural, esconde um dos seus maiores enigmas históricos no vale de Imereti, no oeste da nação. Conhecida como a “Igreja do Pilar Katskhi” ou o “Pilar da Vida”, essa construção singular está situada no topo de um rochedo de 40 metros de altura, sendo uma das estruturas religiosas mais isoladas e misteriosas do mundo.
A descoberta e a importância histórica
Embora sua existência tenha sido conhecida de forma esparsa, só em 1944 a igreja foi identificada formalmente pelos pesquisadores. O local começou a atrair mais atenção a partir de 1999, quando começou a ser treinado em profundidade e, em 2009, passou por um processo de restauração promovido pelo governo da Geórgia. Historicamente, o pilar remanescente ao século V, com as ruínas de um primeiro santuário ainda visíveis, incluindo uma cruz que é o único vestígio daquela época.
No século XI, durante a Idade Média, uma nova estrutura foi erguida no topo do pilar, como parte do desenvolvimento da tradição monástica na região. Durante esse período, os monges eram conhecidos por suas práticas de ascetismo severo, vivendo em condições extremamente austas e dedicadas à veneração de São Máximo, um santo local. O isolamento do lugar representava tanto um desafio quanto a uma forma de elevar a espiritualidade dos religiosos.
A vida no topo do mundo
O monge Maxime Qavtaradze é um exemplo moderno de devoção ao Pilar Katskhi. Refugiado em 1993 após ser preso por crimes relacionados a drogas, ele se isolou no local em busca de redenção e de uma conexão mais profunda com a fé. Maxime vivia no topo da rocha, onde suas únicas visitas ao mundo exterior aconteciam duas vezes por semana, para orar com seus discípulos na base. A alimentação era um ritual curioso: os monges subiam até o topo por meio de uma escada profunda, levando a comida em uma roldana. A ascensão, que leva cerca de 20 minutos, simbolizava a busca espiritual e o sacrifício de se manter perto de Deus.
Mistérios de construção e limitações modernas
Apesar das investigações sobre a origem da igreja e sua construção, como destacou a reportagem de 2021 do New York Post , os métodos de construção permanecem desconhecidos. A escalada do pilar na Idade Média continua a desafiar a compreensão moderna da engenharia. Muitos estudos especularam que, na época, técnicas de alpinismo rudimentares e a habilidade dos monges poderiam ter sido fornecidas para a realização da construção.
Hoje, a igreja é proibida ao público e há uma placa que alerta para a classificação de escalar o rochedo. Historicamente, essa restrição tem uma razão específica: as mulheres não são permitidas nas áreas sagradas do topo. Para os curiosos que desejam explorar, é possível chegar a um nível intermediário do pilar, onde há um espaço esculpido para meditação, além de uma capela decorada com um teto em arco.
O simbolismo e a continuidade da fé
O nome da igreja remete a São Simeão, um monge que, em Aleppo, na Síria, passou 37 anos em um pilar semelhante, conhecido por sua devoção extrema. Essa conexão entre os dois locais é emblemática da tradição monástica de busca de isolamento para alcançar uma união mais profunda com o divino. Mesmo com o avanço da restauração e a intenção de tornar o local acessível no futuro, a essência da igreja, sua história e seus mistérios continuam a fascinar e a preservar uma aura de espiritualidade única e intocada.
Imagem: Reprodução Casa Vogue