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Baixa Escolaridade: Principal Fator de Risco para Declínio Cognitivo no Brasil

Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Estudo revela que a falta de acesso à educação supera a idade avançada como determinante para a demência no país

A baixa escolaridade no Brasil é o maior fator de risco para o declínio cognitivo, condição que caracteriza quadros de demência. Essa conclusão é de um estudo inédito conduzido por pesquisadores brasileiros e publicado na prestigiada revista científica “The Lancet Global Health” em 29 de janeiro de 2025.

O declínio cognitivo refere-se à diminuição ou perda de funções mentais, manifestando-se em dificuldades para registrar nomes, números de telefone, objetos guardados ou na capacidade de aprendizagem. Tradicionalmente, a idade avançada é considerada o principal fator de risco para demência. No entanto, o estudo revela que, no contexto brasileiro, a falta de acesso à educação tem um impacto mais significativo.

Especificamente, a escolarização — ou seja, o número de anos que uma pessoa dedicou aos estudos ao longo da vida — mostrou-se o elemento mais determinante no processo de envelhecimento cerebral no Brasil. Indivíduos com menor nível educacional tiveram maior propensão ao declínio cognitivo em comparação com aqueles com maior escolaridade.

Esses resultados reforçam a importância de investimentos em educação como estratégia de saúde pública para prevenir o declínio cognitivo e a demência. A educação de qualidade não apenas amplia oportunidades socioeconômicas, mas também desempenha um papel crucial na manutenção da saúde cognitiva ao longo da vida.

Dados adicionais destacam a relevância dessa questão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 35% dos brasileiros com mais de 14 anos não concluíram o ensino fundamental, evidenciando uma lacuna educacional significativa.

Além disso, uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que, em 2020, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes tiveram acesso aos estudos no Brasil, sendo que 41% desse total tinham entre 6 e 10 anos .

A desigualdade educacional no país também é alarmante. Estudos indicam que o Brasil está entre as nações com maior disparidade de aprendizagem entre estudantes ricos e pobres.

Essa desigualdade contribui para a perpetuação de ciclos de pobreza e limita o desenvolvimento cognitivo de parcelas significativas da população.

A relação entre educação e saúde cognitiva é corroborada por pesquisas que associam a baixa escolaridade a um maior risco de declínio cognitivo. A falta de estímulos intelectuais durante a vida pode levar a uma menor reserva cognitiva, tornando o cérebro mais vulnerável a doenças neurodegenerativas.

Em contrapartida, uma educação de qualidade desde a infância está associada ao desenvolvimento de habilidades cognitivas que perduram ao longo da vida. Investir em políticas educacionais inclusivas e de qualidade é, portanto, uma medida essencial não apenas para o progresso socioeconômico, mas também para a promoção da saúde pública e a prevenção de doenças relacionadas ao declínio cognitivo.

Em suma, o estudo destaca a urgência de políticas públicas que garantam o acesso universal e equitativo à educação de qualidade no Brasil. Tal investimento é fundamental para mitigar os riscos de declínio cognitivo na população e promover um envelhecimento saudável.