Ex-ajudante de ordens detalha o esquema de fraude em depoimento à Polícia Federal
Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou ter recebimento de ordens diretas para inserir informações falsas de vacinação contra a covid-19 nos sistemas oficiais de saúde. O objetivo era obter certificados de imunização fraudulentos para Bolsonaro e sua filha, Laura, uma vez que ambos não foram vacinados contra a doença.
A delação premiada de Cid, cujo sigilo foi levantado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, revelou que o pedido imediato após Bolsonaro descobrir que sua ajuda havia conseguido certificados de vacinação falsos para si e sua família em 2021. Cid, responsável pela conta do Conecte SUS de Bolsonaro, inseriu os dados fraudulentos, imprimiu os cartões de vacinação e os entregues pessoalmente ao então presidente.
O principal propósito dos certificados falsos era permitir viagens internacionais, especialmente para países que fornecem comprovação de vacinação contra a covid-19. No entanto, quando Bolsonaro passou para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, utilizou um passaporte diplomático, que dispensava a apresentação do comprovante de imunização.
Em depoimento anterior, Bolsonaro negou ter solicitado a inserção de dados falsos no seu cartão de vacinação. Ele afirmou desconhecer os motivos que levariam terceiros a cometer tal fraude e danos que Mauro Cid teve acesso à sua conta no Ministério da Saúde.
Uma investigação sobre a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde revelou que os suspeitos adulteraram informações em plataformas exclusivas, como o Programa Nacional de Imunizações e a Rede Nacional de Dados em Saúde. Essas ações tinham como objetivo emitir certificados de vacinação para indivíduos não imunizados, facilitando o cumprimento de critérios sanitários em viagens e eventos.
As revelações de Mauro Cid intensificaram as investigações sobre possíveis irregularidades durante a gestão de Bolsonaro, levantando questões sobre a integridade dos sistemas de saúde e a conduta ética de altos funcionários do governo.