8,7 milhões de brasileiros saem da pobreza em 2023, estabelecendo a menor taxa dos últimos 12 anos
Em um marco histórico de progresso social e econômico, o Brasil conseguiu retirar 8,7 milhões de pessoas da pobreza em 2023, um feito que marca um novo patamar de redução de desigualdade no país. O índice, que foi registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a população em situação de pobreza caiu de 67,7 milhões para 59 milhões, atingindo o menor nível desde o início da série histórica em 2012.
Avanço significativo no combate à pobreza extrema
A extrema pobreza também registrou uma queda acentuada, com 3,1 milhões de brasileiros deixando de integrar este grupo vulnerável. De acordo com os dados do IBGE, a população em situação de extrema pobreza diminuiu de 12,6 milhões para 9,5 milhões, marcando uma redução de 5,9% para 4,4%. Estes números destacam um progresso importante, ainda que o desafio de erradicar a extrema pobreza persista.
Fatores que impulsionaram a queda na pobreza
A redução da pobreza e da extrema pobreza no Brasil pode ser atribuída a dois fatores principais: a expansão do mercado de trabalho e o fortalecimento dos programas sociais, em especial o Bolsa Família. Segundo André Simões, analista do IBGE, a renda do trabalho cresceu 7,1% entre 2022 e 2023. Ele destacou a ampliação dos beneficiários e dos valores pagos pelo programa, o que teve um impacto direto na diminuição da pobreza extrema.
O Bolsa Família, que tem sido um pilar de proteção social no país, viu um aumento na cobertura e nos valores transferidos, contribuindo para que muitas famílias saíssem da linha da extrema pobreza.
Contexto internacional e desigualdades persistentes
No Brasil, considera-se que uma pessoa que ganha até R$ 665 por mês vive em situação de pobreza, enquanto a linha de extrema pobreza corresponde a uma renda de até R$ 209 mensais. Globalmente, o parâmetro para a pobreza é de US$ 6,85 por pessoa por dia e, para a extrema pobreza, US$ 2,15. Apesar dos avanços, as disparidades entre diferentes grupos demográficos e regiões continuam a ser um desafio.
As crianças e adolescentes com menos de 14 anos são os mais impactados, com 44,8% vivendo em condições de pobreza e 7,3% em extrema pobreza. Em comparação, os idosos apresentam os menores índices: 2% em situação de extrema pobreza e 11,3% em pobreza.
Desafios regionais e demográficos
O Norte e o Nordeste continuam sendo as regiões com os maiores índices de pobreza e extrema pobreza. Mulheres e pessoas pretas e pardas enfrentam níveis desproporcionais de desigualdade. De acordo com os dados, 28,4% das mulheres estão em situação de pobreza, comparado a 26,3% dos homens. A extrema pobreza atinge 4,5% das mulheres e 4,3% dos homens.
A desigualdade racial também é marcante: 35,5% das pessoas pardas e 30,8% das pessoas pretas vivem em situação de pobreza, enquanto apenas 17,7% das pessoas brancas enfrentam essa condição. Na extrema pobreza, 6% das pessoas pardas, 4,7% das pretas e 2,6% das brancas são afetadas.
Um olhar sobre os trabalhadores
Apesar do avanço observado, a pobreza também atinge os trabalhadores, especialmente aqueles que atuam no campo e nos serviços domésticos. Esses setores, caracterizados por empregos de baixa remuneração, demonstram que o combate à pobreza ainda requer medidas direcionadas a melhorar a qualidade do trabalho e os salários.
Avanços em tecnologia e inclusão
Nos últimos anos, um dado positivo foi o aumento no acesso domiciliar à internet, que subiu de 68,9% em 2016 para 92,9% em 2023, uma expansão de 24,3 pontos percentuais. Esse crescimento é um reflexo da maior inclusão digital e da busca por democratizar o acesso à informação, fator essencial para a educação e a inserção profissional.
Apesar dos avanços importantes, é necessário manter um olhar atento sobre as desigualdades remanescente. A luta contra a pobreza no Brasil continua sendo um desafio que exige políticas públicas eficazes e comprometimento contínuo para promover uma sociedade mais justa e igualitária.