Concurso Público Nacional Unificado (CNU) registra mais de 50% de abstenção em sua primeira edição, com 970 mil candidatos presentes dos 2,1 milhões de inscritos
O Concurso Público Nacional Unificado (CNU), realizado no último domingo, 18 de agosto de 2024, foi marcado por uma surpreendente abstenção de 54,12%. Dos 2,1 milhões de candidatos inscritos para o exame, apenas 970.037 compareceram às provas, configurando uma taxa de presença inferior à metade do total esperado. O evento, apelidado de “Enem dos concursos” devido à sua magnitude e abrangência, ofereceu mais de 6 mil vagas em 21 órgãos federais e foi aplicado em mais de 200 cidades do país.
A alta abstenção, que superou as expectativas iniciais, gerou repercussões significativas. Durante a coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, 19 de agosto, a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, comentou o resultado. Apesar do número expressivo de ausentes, a ministra expressou satisfação com a participação alcançada. “Ficamos muito felizes com esse resultado”, afirmou Esther Dweck, destacando a surpresa positiva com o número de presentes, que, embora menor que o total de inscritos, superou as expectativas governamentais para a primeira edição deste concurso de grande porte.
Abstenção por bloco e categorias
O CNU foi estruturado em blocos de vagas, categorizados de acordo com os níveis de escolaridade exigidos para os cargos. O bloco 8, que contemplava as vagas destinadas a candidatos com ensino médio completo, registrou o maior índice de abstenção. Este bloco, por sua vez, era também o que contava com o maior número de inscritos, o que pode ter contribuído para o elevado percentual de ausências. A significativa quantidade de vagas e a exigência de escolaridade podem ter gerado uma expectativa de maior concorrência, o que, paradoxalmente, também pode ter desencorajado alguns candidatos a comparecerem às provas.
Por outro lado, entre os candidatos inscritos nas cotas para pessoas com deficiência (PCD), a abstenção foi notavelmente menor, atingindo 39,28%. Este dado indica um comprometimento maior deste grupo com a oportunidade oferecida pelo concurso, possivelmente motivado pela especificidade e competitividade das vagas reservadas.
Distribuição geográfica das abstenções
O índice de abstenção variou consideravelmente entre os estados brasileiros. O Ceará destacou-se como o estado com o maior número de faltantes, enquanto na Bahia a taxa de abstenção foi uma das mais elevadas, alcançando 55,74%. Essas variações regionais sugerem que fatores locais, como condições econômicas, acessibilidade e até mesmo condições climáticas, podem ter influenciado a decisão dos candidatos de não comparecerem ao exame.
Expectativas e resultados
A ministra Esther Dweck já havia antecipado, na noite do domingo, uma previsão de abstenção em torno de metade dos inscritos, um número que estava dentro das expectativas do governo. No entanto, o índice final acabou superando ligeiramente as previsões, reforçando a complexidade de organizar um concurso dessa magnitude. Apesar do alto índice de ausências, o CNU 2024 ainda se consagra como o maior concurso público em termos de inscrições já realizado no Brasil, marcando um feito inédito na história dos concursos nacionais.
Os exames do CNU foram divididos em duas etapas ao longo do domingo, permitindo uma logística organizada para acomodar a enorme quantidade de candidatos esperados. Mesmo com o grande número de ausentes, o evento foi considerado um sucesso do ponto de vista organizacional, preparando o terreno para futuras edições que poderão aprender com as experiências e desafios deste primeiro CNU.
O concurso, que representa um passo importante na democratização do acesso a cargos públicos no Brasil, ainda promete gerar desdobramentos nos próximos meses, especialmente à medida que os resultados finais forem divulgados e os aprovados começarem a ser convocados para os respectivos órgãos federais.
