Especialistas alertam para o perigo de informações falsas nas redes sociais que promovem curas milagrosas sem comprovação científica
No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, profissionais de saúde expressam crescente preocupação com a disseminação de desinformação nas plataformas digitais. Promessas de curas milagrosas e tratamentos alternativos sem respaldo científico têm proliferado nas redes sociais, colocando em risco a adesão de pacientes a terapias comprovadamente eficazes.
Impacto das Fake News na Saúde Pública
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, 22 milhões de novos casos de câncer sejam diagnosticados globalmente. Nesse contexto, a disseminação de informações falsas representa uma ameaça significativa. Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co, destaca que pacientes são frequentemente bombardeados com conselhos de celebridades e receitas milagrosas, o que pode levá-los a abandonar tratamentos cientificamente validados.
Influência das Redes Sociais
Um estudo recente analisou 200 vídeos sobre câncer no TikTok e descobriu que 81% deles continham informações não confiáveis. Conhecido como “Tik Health”, esse fenômeno transformou a plataforma em uma fonte primária de informação para muitos, especialmente jovens, substituindo consultas médicas e fontes confiáveis.
Casos Notórios de Desinformação
Em janeiro deste ano, o ator Mel Gibson afirmou no podcast “The Joe Rogan Experience” que três amigos com câncer em estágio avançado teriam sido curados com ivermectina e fenbendazol — medicamentos aprovados apenas para tratar infecções parasitárias, sem qualquer evidência científica de eficácia contra o câncer. Declarações como essa, vindas de figuras públicas, têm um impacto imenso, levando pacientes a buscar tratamentos ineficazes e potencialmente prejudiciais.
Medidas Legais Contra a Desinformação
A Justiça brasileira tem tomado medidas para conter a disseminação de informações falsas. Em novembro de 2024, uma médica foi obrigada a remover publicações que descredibilizavam métodos científicos de diagnóstico e tratamento do câncer de mama, promovendo tratamentos sem comprovação científica. A decisão judicial ressaltou o perigo de dano associado à divulgação de métodos não comprovados.
Posicionamento de Entidades Médicas
Entidades como o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Mastologia têm se manifestado contra a disseminação de notícias falsas sobre o câncer de mama. O INCA classificou tais conteúdos como fake news, enquanto a Sociedade Brasileira de Mastologia expressou preocupação com o crescente número de informações falsas relacionadas ao tratamento e prevenção da doença.
A batalha contra o câncer não se limita aos avanços médicos, mas também envolve o combate à desinformação. É crucial que pacientes e o público em geral busquem informações em fontes confiáveis e consultem profissionais de saúde qualificados antes de considerar qualquer tratamento.