Na noite de quarta-feira, 30 de outubro de 2024, o Salvador Shopping foi palco da pré-estreia do documentário “Ilê Aiyê: A Casa do Mundo”, produzido pela TV Bahia em homenagem aos 50 anos do Ilê Aiyê, considerado o principal bloco afro do Brasil. Este evento especial reuniu um seleto grupo de convidados, incluindo artistas, autoridades e lideranças da comunidade, marcando um momento significativo na celebração do legado cultural do Ilê Aiyê, conhecido como “O Mais Belo dos Belos”.
Uma Trajetória de Resistência e Cultura
O documentário não apenas revisita a história do Ilê Aiyê, mas também destaca sua importância como símbolo da cultura baiana e da resistência do povo negro no Brasil. A produção, que traz registros inéditos e emocionantes, será exibida na próxima sexta-feira, 1º de novembro, durante a Sessão da Tarde, permitindo que uma audiência ainda maior conheça a rica trajetória do bloco.
A sessão de pré-estreia contou com a presença de figuras icônicas do Ilê Aiyê, como Antônio Carlos Vovô, carinhosamente chamado de “Vovô do Ilê”, e Dete Lima, filha de Mãe Hilda, responsável pelos figurinos do bloco. Arany Santana, ex-diretora do Ilê Aiyê, também prestigiou a noite, demonstrando o fortalecimento das raízes e tradições que o bloco representa. Estas figuras não apenas testemunharam a evolução do Ilê, mas também contribuíram ativamente para a sua história.
Roteiro e Narrativa
O roteiro do documentário inicia na Ladeira do Curuzu, um local emblemático no bairro da Liberdade, onde o Ilê Aiyê foi fundado. A narrativa se desenvolve ao longo de cinco décadas, abordando a evolução do bloco e culminando na turnê mundial realizada em julho de 2024, que passou por países africanos e europeus. Essa turnê não só reforçou a presença do Ilê Aiyê no cenário internacional, mas também destacou a importância da cultura afro-brasileira no mundo globalizado.
Um aspecto particularmente notável do documentário é a ênfase no protagonismo das mulheres dentro do Ilê Aiyê. Mãe Hilda de Jitolu, mãe de Vovô e ialorixá do terreiro Ilê Axé Jitolu, é uma figura central na história do bloco. Falecida em 2009, ela foi a mentora e fundadora do Ilê Aiyê, além de ser responsável por diversos projetos sociais que a entidade desenvolveu ao longo dos anos. Seu legado continua vivo nas ações e na cultura do bloco, que luta contra o racismo e promove a valorização da cultura afro-brasileira.
Impacto e Relevância Cultural
O Ilê Aiyê, desde sua fundação em 1974, tem desempenhado um papel crucial na luta contra a desigualdade racial e na promoção da cultura afro-brasileira. O bloco não apenas anima os carnavais com suas músicas, danças e desfiles vibrantes, mas também se dedica a iniciativas sociais que visam empoderar a comunidade negra, promover a educação e preservar as tradições culturais afro-brasileiras.
A exibição do documentário, além de ser uma celebração dos 50 anos do Ilê Aiyê, também serve como um lembrete da importância de reconhecer e valorizar a cultura afro-brasileira em um contexto de crescente conscientização sobre questões raciais e sociais. O Ilê Aiyê, com seu legado de resistência e luta, continua a inspirar e mobilizar não apenas os baianos, mas todos os brasileiros que acreditam na igualdade e no respeito às diversidades culturais.
O documentário “Ilê Aiyê: A Casa do Mundo” promete ser um testemunho emocionante de uma história rica e poderosa, trazendo à tona o valor da cultura afro-brasileira e a relevância contínua do Ilê Aiyê como uma força vital na luta contra o racismo e a promoção da igualdade.