Molusco raro, conhecido por sua aparência exótica e toxinas perigosas, foi achado por pesquisadora na Praia do Guaraú, em Peruíbe
Uma descoberta incomum chamou atenção de biólogos e moradores no litoral de São Paulo: um exemplar do raríssimo dragão azul (Glaucus atlanticus) foi encontrado morto na Praia do Guaraú, em Peruíbe, no último domingo, 6 de abril. O animal foi identificado pela bióloga Gemany Caetano, pesquisadora vinculada ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), que documentou o achado e alertou para os perigos que o contato com o molusco pode causar.
O dragão azul é uma lesma-do-mar pelágica, com corpo pequeno — variando de 3 a 4 centímetros quando em seu ambiente natural —, mas de beleza singular. Ele possui coloração azul-vibrante com tons metálicos, lembrando criaturas de ficção científica. No entanto, apesar da aparência encantadora, trata-se de um animal altamente tóxico.
O Glaucus atlanticus não produz seu próprio veneno, mas se alimenta de cnidários como a caravela-portuguesa (Physalia physalis), armazenando em seu corpo as toxinas mais potentes dessas presas. Quando tocado, o dragão azul é capaz de liberar esse veneno como mecanismo de defesa, podendo provocar queimaduras severas, dor intensa, inflamação, vômitos e, em casos mais graves, reações alérgicas que exigem atendimento médico imediato.
Segundo especialistas, é extremamente raro encontrar exemplares da espécie tão próximos da costa brasileira, uma vez que o animal habita áreas oceânicas profundas, onde flutua de cabeça para baixo, utilizando uma bolsa de ar em seu estômago para se manter na superfície. Quando aparecem em praias, é geralmente por causa de correntes marítimas, ventos fortes ou mudanças climáticas.
Gemany Caetano destacou a importância de manter distância ao avistar animais desconhecidos em áreas litorâneas. “Apesar do tamanho reduzido e da beleza, o dragão azul representa riscos reais. É essencial que as pessoas evitem tocar e comuniquem especialistas para avaliação e estudo”, declarou a pesquisadora.
A presença do dragão azul nas praias brasileiras, embora esporádica, não é inédita. Já houve registros anteriores no litoral de Santa Catarina, Rio de Janeiro, e agora, em São Paulo. Esses episódios, segundo oceanógrafos, podem estar relacionados ao aquecimento global e alterações nos padrões das correntes oceânicas, que estão influenciando o comportamento migratório de várias espécies marinhas.
A Prefeitura de Peruíbe informou que não houve relatos de acidentes relacionados ao animal e que reforçará as campanhas de conscientização nas redes sociais e na orla, especialmente durante períodos de alta temporada, quando o fluxo de banhistas é maior.
O achado do dragão azul serve como alerta não apenas pela questão do risco biológico, mas também pela necessidade crescente de educação ambiental e preservação dos ecossistemas marinhos.