Decisão busca polêmicas em torno do acidente fatal de 1976
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a reabertura das investigações sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, ocorrida em 22 de agosto de 1976. Naquela época, JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro, faleceram em um acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra, nos arredores de Resende, Rio de Janeiro. A versão oficial da época atribuiu o acidente a uma tentativa de ultrapassagem por parte de um ônibus da Viação Cometa, que teria levado o veículo de JK a perder o controle e colidir frontalmente com uma carreta.
Desde então, diversas teorias emergiram, demonstrando que a morte de Kubitschek poderia ter sido resultado de um atentado político, dado seu posicionamento crítico em relação ao regime militar vigente na época. Investigações anteriores, incluindo uma comissão externa da Câmara dos Deputados em 2001 e a Comissão Nacional da Verdade em 2014, corroboraram a versão oficial do acidente. Contudo, as comissões estaduais da verdade em São Paulo e Minas Gerais apresentaram conclusões divergentes, apontando para a possibilidade de sabotagem mecânica, disparo de arma de fogo ou até mesmo envenenamento do motorista.
A decisão atual de reabrir o caso foi motivada por um laudo pericial concluído em 2019 pelo engenheiro e perito Sergio Ejzenberg, contratado pelo Ministério Público Federal. Este laudo contesta a oficial ao afirmar que não há evidências materiais suficientes para confirmar a questão do ônibus ou explicar a perda de controle do veículo, não sendo possível afirmar ou descartar a hipótese de atentado.
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos, será responsável por conduzir uma nova investigação. A CEMDP, que havia sido desativada durante o governo anterior, foi reativada na gestão atual e tem como objetivo esclarecer casos de mortes e desaparecimentos políticos ocorridos durante a ditadura militar.
A reabertura do caso de Juscelino Kubitschek reflete o compromisso do governo em revisar episódios históricos controversos e garantir o direito à memória e à verdade. Espera-se que uma nova investigação possa trazer esclarecimentos definitivos sobre as situações que envolveram a morte do ex-presidente, contribuindo para a justiça e a reconciliação histórica.
