Uma escultura de Iemanjá, localizada em frente à Colônia de Pescadores Z1, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, foi recentemente restaurada em preparação para uma tradicional festa em homenagem à Rainha do Mar, que ocorre em 2 de fevereiro. A obra, criada há 56 anos pelo artista Manoel Bonfim, passou por um minucioso processo de recuperação para resgatar suas características originais.
O restaurador José Dirson Argolo liderou o projeto, que incluía a remoção de múltiplas camadas de tinta acumuladas ao longo dos anos, algumas com mais de três centímetros de espessura, que ocultavam detalhes essenciais da escultura. Um dos principais desafios foi a recuperação do pedestal adornado com cerca de 600 búzios, anteriormente coberto por argamassa e pintura. Para isso, foram utilizados materiais cirúrgicos, garantindo a preservação da integridade da obra.
“O monumento havia sido adulterado nos últimos anos por pessoas leigas. Por exemplo, esse pedestal de cerca de 600 búzios estava escondido por argamassas e pinturas. Precisamos usar bisturis cirúrgicos para conseguir recuperá-lo. No caso de Iemanjá, havia várias camadas de tinta que foram removidos, também por bisturis urgentes. É o mais próximo possível da obra original”, explicou Argolo.
A restauração foi autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e coordenada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM). O diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da FGM, Chicco Assis, destacou a importância de devolver à comunidade uma imagem fiel à concepção original, especialmente em um momento tão significativo como a festa de Iemanjá.
A festa de Iemanjá é uma das celebrações mais emblemáticas da cultura baiana, atraindo milhares de devotos, turistas e admiradores ao Rio Vermelho. Durante o evento, presentes e ofertas são entregues à Rainha do Mar, reforçando a conexão entre a cidade e suas tradições afro-brasileiras.