Descoberta de imenso coral oferece novas perspectivas sobre a biodiversidade marinha e os impactos das mudanças climáticas
No dia 13 de novembro de 2024, cientistas anunciaram a descoberta do maior coral já registrado, localizado no sudoeste do Oceano Pacífico, nas Ilhas Salomão. Com mais de 30 metros de comprimento, este gigante é três vezes maior que o coral anteriormente considerado o maior, nas Ilhas Samoa Americanas. Além disso, sua extensão é maior que a de uma baleia-azul, o maior animal do planeta.
O coral foi avistado durante uma expedição científica conduzida pelo programa Pristine Seas, da National Geographic. A descoberta tem um impacto significativo na compreensão da biodiversidade marinha e dos ecossistemas de corais, que desempenham um papel vital na manutenção da saúde oceânica e na proteção de diversas espécies marinhas.
Este novo coral não é um recife formado por várias colônias, mas sim um único espécime gigante, que cresceu ao longo de séculos, composto por quase 1 bilhão de pólipos (pequenas criaturas marinhas que, juntas, formam o coral). Sua aparência à distância lembra uma enorme rocha marrom, confundida por alguns membros da expedição com um naufrágio. Contudo, quando observada de perto, a estrutura se revela uma rede intrincada de pólipos, exibindo cores vibrantes, como roxos, amarelos e azuis.
O coral, que pode ser visto até do espaço, abriga uma grande variedade de vida marinha, incluindo peixes, camarões e caranguejos, e é considerado um “arquivo vivo” da história oceânica, preservando informações sobre as condições ambientais do passado. Durante a medição do coral, os cientistas enfrentaram desafios logísticos, uma vez que as fitas métricas não eram longas o suficiente para cobrir a imensa extensão da estrutura. Isso exigiu um trabalho colaborativo, onde equipes de dois cientistas mediam as dimensões do coral.
Apesar da grandiosidade da descoberta, a notícia não é totalmente positiva. Os corais estão em risco devido a uma série de ameaças, principalmente as mudanças climáticas, que têm causado o aumento das temperaturas oceânicas e o branqueamento dos corais. A crise climática é a maior ameaça para os corais, com mais de 40% das espécies de corais enfrentando risco de extinção, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
No entanto, a descoberta desse mega coral oferece uma luz de esperança, já que sua sobrevivência por séculos pode indicar que ainda existem locais onde os corais podem resistir aos impactos climáticos. As Ilhas Salomão, região onde o coral foi encontrado, são parte do “Triângulo do Coral”, um ecossistema tropical conhecido por sua maior resistência ao branqueamento de corais.
Para as Ilhas Salomão, o coral pode representar uma valiosa oportunidade para o turismo e a pesquisa científica, além de impulsionar iniciativas de conservação. A descoberta também serve como um lembrete urgente sobre a necessidade de ação global para enfrentar a crise climática e proteger os ecossistemas marinhos do planeta.

crédito: MANU SAN FELIX / NATIONAL GEOGRAPHIC PRISTINE SEAS / AFP