Maragogipinho, um polo ceramista reconhecido globalmente, está prestes a ter sua tradição secular de oleiros e oleiras reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia.
O pequeno distrito de Aratuípe, localizado a cerca de 71 km de Salvador, é considerado o maior polo ceramista da América Latina. Com aproximadamente 150 olarias em funcionamento, a produção artesanal em Maragogipinho é uma prática cultural que atravessa gerações, combinando técnicas indígenas ancestrais com inovações ao longo do tempo. A produção, que inclui desde utensílios domésticos até obras decorativas, sustenta cerca de 80% da população local e é uma das principais fontes de renda e identidade cultural da região.
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) está em processo de reconhecimento do ofício como patrimônio imaterial do estado. Essa medida tem como objetivo não apenas valorizar o trabalho dos artesãos, mas também salvaguardar a tradição, promovendo políticas públicas que estimulem o turismo cultural e a comercialização dessas peças únicas.
A riqueza cultural de Maragogipinho
A prática artesanal em Maragogipinho reflete a diversidade cultural brasileira. Os artesãos utilizam argila extraída localmente, moldando-a manualmente ou com o auxílio de tornos. Uma das técnicas mais emblemáticas é a pintura com Tabatinga, um pigmento natural de cor branca, que remonta às tradições indígenas. Artistas locais, como Joselita da Silva, conhecida como Dona Zelita, e Rosalvo Santana, destacam-se pela maestria em suas criações, desde cerâmicas utilitárias até peças decorativas com influências barrocas e rococós.
Além de seu valor cultural, a cerâmica de Maragogipinho desempenha um papel econômico essencial, com iniciativas como o projeto Artesanato Bahia, que auxilia na capacitação, promoção e comercialização das peças em mercados nacionais e internacionais. Segundo o chefe de gabinete da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Juremar de Oliveira, essa tradição é uma oportunidade para posicionar o distrito como um centro cultural e econômico na Bahia.
Impacto no turismo e na preservação cultural
O reconhecimento do ofício como patrimônio imaterial impulsionará o turismo cultural, atraindo visitantes interessados em vivenciar a rica herança de Maragogipinho. Além disso, incentiva a transmissão dos saberes entre gerações, garantindo que a tradição permaneça viva em um contexto de mudanças sociais e tecnológicas.
A oficialização desse registro ainda está em andamento, mas já simboliza um importante passo para a valorização de uma das expressões mais autênticas da cultura baiana e brasileira.

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