Decisão alega conflito com valores tradicionais e intensifica tensões entre governo russo e organizações internacionais.
O Procurador-Geral da Rússia anunciou, nesta quinta-feira (3), a proibição das atividades da Elton John AIDS Foundation no país. A medida abrange duas organizações não governamentais registradas nos Estados Unidos e no Reino Unido, ambas denominadas “Elton John AIDS Foundation”, classificadas agora como “organizações indesejáveis”.
A Procuradoria russa acusa a fundação de adotar uma postura negativa em relação a nações que defendem “valores espirituais e morais tradicionais”. Especificamente, alega que a entidade promove “relações sexuais não tradicionais, modelos familiares ocidentais e redesignação de gênero”. Além disso, afirma que a fundação participa ativamente de uma campanha de informação orquestrada pelo “Ocidente coletivo” para desacreditar valores tradicionais e aumentar tensões sociais.
Fundada pelo músico britânico Elton John, a Elton John AIDS Foundation é reconhecida por seu trabalho no combate ao HIV/AIDS e na redução do estigma associado à doença. A organização declara ter arrecadado mais de US$ 600 milhões, apoiando mais de 3.100 projetos em 95 países.
Elton John, que já realizou shows lotados na Rússia, tem sido crítico em relação às políticas do país que considera discriminatórias contra a comunidade LGBTQ+. O presidente Vladimir Putin, por sua vez, posiciona a Rússia como defensora de “valores tradicionais” em contraposição ao que chama de decadência do Ocidente.
Essa proibição insere-se em um contexto mais amplo de medidas adotadas pelo governo russo para reforçar políticas pró-família e restringir o que classifica como “propaganda LGBT”. Em 2022, uma lei ampliou a proibição de tal propaganda, efetivamente banindo qualquer expressão pública relacionada à homossexualidade. Além disso, autoridades russas acusam organizações ocidentais de tentarem desacreditar o país, especialmente no que tange às ações militares na Ucrânia.
Até o momento, a Elton John AIDS Foundation não se pronunciou oficialmente sobre a decisão das autoridades russas.