Novo valor visa garantir sustentabilidade do arquipélago, mas levanta questionamentos entre turistas e moradores
A taxa de Preservação Ambiental (TPA) cobrada de visitantes de Fernando de Noronha foi reajustada e agora ultrapassa a marca de R$ 100 por dia de permanência. O aumento, que entrou em vigor em janeiro de 2025, gerou debates entre aqueles que consideram a medida necessária para a manutenção do ecossistema local e os que a veem como um obstáculo ao turismo.
Motivação do reajuste
O novo valor foi definido pelo governo estadual de Pernambuco e tem como objetivo principal cobrir os custos crescentes de conservação ambiental do arquipélago, que é considerado um dos mais belos e preservados do Brasil. A taxa, anteriormente fixada em R$ 87, passou para R$ 110 por dia, um aumento de cerca de 26%.
De acordo com a Administração de Fernando de Noronha, a arrecadação é destinada a projetos de manutenção das trilhas, coleta de resíduos, proteção da fauna e flora e monitoramento de espécies marinhas. “O ajuste reflete a necessidade de equilibrar a pressão do turismo com a preservação do patrimônio natural”, afirmou um representante do órgão.
Impacto no turismo
Embora o reajuste tenha sido justificado como essencial para garantir a sustentabilidade ambiental, ele não deixou de causar preocupação entre turistas e moradores locais. Empresários do setor de turismo alertam que o aumento pode desestimular a visitação e afetar a economia local, que é altamente dependente dos visitantes.
“O custo para visitar Fernando de Noronha já é elevado, considerando passagens, hospedagem e alimentação. Com o reajuste da TPA, podemos enfrentar uma diminuição no fluxo turístico”, disse João Santos, dono de uma pousada na região.
Visão dos moradores
Para os moradores de Noronha, a medida é vista com dualidade. Enquanto alguns reconhecem a importância de preservar o meio ambiente diante do crescente fluxo de turistas, outros criticam a falta de transparência na utilização dos recursos arrecadados. “É fundamental que o dinheiro seja de fato investido na preservação. Muitos de nós já questionamos a destinação dessa arrecadação”, comentou Maria das Graças, residente local.
Histórico da TPA
A taxa foi criada em 1988 como uma medida para controlar o impacto ambiental e garantir que o arquipélago se mantivesse como um santuário natural. Desde então, o valor vem sendo reajustado periodicamente, acompanhando as demandas de conservação e o aumento do número de visitantes, que hoje ultrapassa 100 mil pessoas por ano.
Futuro e expectativas
Com o aumento em vigor, espera-se que o arquipélago consiga avançar em projetos de conservação e sustentabilidade. Entretanto, órgãos de defesa do consumidor e associações de turismo já sinalizam que acompanharão de perto a aplicação dos recursos.
A Administração de Fernando de Noronha também destacou que avaliações periódicas serão feitas para analisar os efeitos do reajuste e sua aceitação pelos visitantes. “Estamos atentos às críticas e dispostos a dialogar com a comunidade e com os turistas para encontrar um meio-termo”, completou o porta-voz.