Ministra do Meio Ambiente destaca urgência de ações para enfrentar eventos climáticos extremos
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou nesta quarta-feira (22) a necessidade urgente de adotar medidas preventivas e mitigadoras contra eventos climáticos extremos. Durante a 25ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Marina destacou que eventos como os ocorridos recentemente no Rio Grande do Sul exemplificam a gravidade da situação.
“A adaptação às mudanças climáticas é essencial, pois fenômenos como ondas de calor, resfriamentos extremos, chuvas torrenciais e secas vão continuar ocorrendo”, alertou a ministra. Ela ressaltou que o Brasil, junto com outros 184 países, assumiu compromissos na Eco-92 para combater a desertificação, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas, mas que os esforços até agora foram insuficientes.
Marina Silva sublinhou a importância da redução do uso de combustíveis fósseis e do desmatamento, além da preservação da biodiversidade. “Hoje, 75% da alimentação dos países mais vulneráveis depende da biodiversidade, que está sendo rapidamente destruída. Precisamos enfrentar as causas que estão desconfigurando o sistema climático global”, afirmou.
Durante o evento, Marina elogiou a CNM por incluir o debate sobre mudanças climáticas na agenda municipal. A confederação promoveu um debate específico sobre os desafios enfrentados pelas cidades na adaptação às mudanças climáticas, com a presença da ministra.
Marina Silva chamou a atenção para a necessidade de preparação e prevenção: “Precisamos estar prontos, com rotas de fuga, alojamentos, estoques de alimentos, água potável, medicamentos e equipamentos médicos para enfrentar desastres”.
A CNM também anunciou uma proposta de emenda à Constituição visando enfrentar as mudanças climáticas de forma eficaz. A proposta inclui a criação do Conselho Nacional de Mudança Climática, da Autoridade Climática Nacional e do Fundo Nacional de Mudança Climática, que seria administrado por um consórcio nacional formado pelos municípios. A proposta sugere que 3% da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda sejam destinados ao fundo, totalizando cerca de R$ 25 bilhões anuais para ações preventivas.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, destacou que 94% dos municípios brasileiros já enfrentaram situações de emergência ou calamidade, e que muitos gestores municipais ainda não estão preparados para lidar com as mudanças climáticas. Segundo ele, 43% dos municípios não possuem monitoramento de áreas de risco e 57% não têm um sistema de alerta eficaz.
Ziulkoski defendeu a criação do Consórcio Nacional para Gestão Climática e Prevenção de Desastres, como uma ferramenta para auxiliar os municípios na gestão de eventos climáticos extremos. “Precisamos de uma política nacional robusta para enfrentar os desastres. O consórcio será uma ferramenta transparente e legal para auxiliar os estados e a União”, concluiu.
A iniciativa visa a formação de uma estrutura colaborativa que permite aos municípios enfrentarem a crise climática de maneira mais eficaz e coordenada, estimulando uma resposta integrada e sustentável aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Foto: José Cruz/Agência Brasil