Resultados encorajadores vêm de uma nova abordagem que utiliza células modificadas para tratar linfomas e leucemias.
Uma nova esperança surge no tratamento do câncer em São Paulo, onde uma terapia inovadora tem demonstrado resultados promissores. Desenvolvida em uma colaboração entre as Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da USP de Ribeirão Preto, juntamente com o Hemocentro local e o Instituto Butantan, essa nova abordagem já garantiu remissão completa em nove dos 14 pacientes submetidos ao tratamento. Os exames realizados antes e depois da terapia comprovam a eficácia dos procedimentos, que devem ser publicados em revistas científicas renomadas.
A terapia, conhecida como CAR-T Cell, é uma forma de tratamento que utiliza células de defesa do próprio corpo do paciente, que são modificadas em laboratório para combater linfomas e leucemias. Esta estratégia é particularmente promissora para pacientes que não obtiveram sucesso com métodos tradicionais, como quimioterapia, radioterapia e transplante de medula. A terapia CAR-T é eficaz contra três tipos específicos de câncer: leucemia linfóide aguda, linfoma não-Hodgkin e mieloma múltiplo.
Um caso de destaque entre os pacientes é o do escritor e publicitário Paulo Peregrino, de 62 anos. Peregrino havia enfrentado quatro episódios de linfoma não-Hodgkin e tentativas frustradas de tratamento convencional, incluindo quimioterapia e transplante autólogo. “Tive a remissão completa do meu quarto câncer com fé e, por meio da terapia celular,” afirmou ele em suas redes sociais. Ele recebeu as células modificadas em uma infusão que durou apenas 45 minutos, realizada em 24 de março de 2023.
O tratamento CAR-T Cell representa um avanço significativo na medicina oncológica. Ele consiste em um processo relativamente rápido, que dura cerca de meia hora, e tem demonstrado uma habilidade impressionante para eliminar a doença. A terapia foi criada nos Estados Unidos e aprovada em 2017 pela FDA, a agência reguladora de saúde norte-americana. Com a sua implementação bem-sucedida também no Brasil, a CAR-T Cell oferece uma nova alternativa para aqueles que lutam contra o câncer.
O funcionamento da terapia CAR-T Cell é complexo, mas pode ser resumido em algumas etapas. Primeiro, uma amostra de sangue do paciente é coletada para obter os linfócitos T, que são células de defesa fundamentais no combate a infecções. Essas células são então enviadas para um laboratório, onde passam por uma modificação genética que as capacita a identificar e atacar as células cancerígenas. Após essa modificação, as células, agora chamadas de CAR-T, são infundidas novamente no paciente. No corpo, essas células se multiplicam e começam a eliminar as células cancerígenas.
Atualmente, os pacientes brasileiros têm duas opções para acessar esse tratamento. A primeira envolve o envio de suas células para laboratórios nos Estados Unidos ou na Europa, um processo que pode custar a partir de R$ 2 milhões. A segunda opção é participar de estudos clínicos oferecidos pelo Hospital Albert Einstein ou pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, onde os pacientes podem ter acesso ao tratamento de forma mais acessível.
Com os resultados encorajadores, a continuidade dos testes e a ampliação da pesquisa sobre essa terapia inovadora se mostram essenciais para proporcionar esperança a muitos pacientes que enfrentam os desafios do câncer.
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